O senador Alvaro Dias estreia nesta terça na tevê no programa do Partido Verde, para onde se muda depois de 18 anos de PSDB. Pré-candidato à Presidência desde já, o senador deu uma entrevista ao blog falando sobre seu papel na oposição, a relação com Beto Richa e liberação da maconha.
Como vai ser sua estreia na tevê pelo novo partido?
Hoje [terça] vai o programa ao ar. Fiz uma participação de três minutos e meio, que deve encerrar o programa. Coloco que meu objetivo era encontrar uma ferramenta política que me oferecesse mais oportunidades de atuação afirmativa, que estava me sentindo limitado, achando que poderia dar mais, mas sempre na oposição. Porque estou mudando de sigla mas não estou mudando de lado. Há quem diga que eu recuei, mas isso seria um despropósito. Atuei 13 anos na oposição, muitas vezes sozinho e agora, no momento em que o governo atinge uma impopularidade histórica eu ia buscar a sua sombra? Seria um despropósito e uma incoerência.
O PV vai estar na oposição?
Vamos ter um partido na oposição. E isso não é uma incoerência. Em 2010, na primeira eleição da Dilma, o PV lançou a candidatura de Marina Silva e no segundo turno apoiou o Serra. E depois, em 2014, teve a candidatura do Eduardo Jorge, apoiando abertamente o Aécio no segundo turno. Considerei muito o fato de que o partido não está envolvido nem em Mensalão nem em Petrolão. Passa longe de Lava Jato.
Outros senadores estariam cogitando ir ao PV. É isso mesmo?
Tem a possibilidade. E tem deputados, também. O Mendes Thame, de são Paulo, que foi secretário-geral do PSDB me ligou dizendo que quer acompanhar esse movimento. Entre os senadores, o Reguffe (PDT-DF) e o Paulo Paim (PT-RS) são os dois mais interessados. O Reguffe só está aguardando para ver se realmente o partido oferecerá uma alternativa de poder. Também é possível que venham o José Medeiros (PPS-MT) e o Ricardo Ferraço (PMDB-ES).
Com cinco senadores a bancada já seria forte…
O partido vai trabalhar para ser uma força nacional. Mas eu tenho uma restrição, porque por exemplo no Paraná não pretendo convidar ninguém. Por uma questão de respeito, porque tenho tido apoio de vários partidos, teria constrangimento em ficar cooptando pessoas. De políticos com mandato quem expressou publicamente o desejo de nos acompanhar foi o prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff (PSD).
Em 2014, na campanha, o candidato do PV à Presidência, Eduardo Jorge, defendeu a descriminalização da maconha. O PV manterá essa posição?
Fui olhar no programa, fala em debater o assunto. Mas a direção aceita inclusive retirar isso e colocar uma cláusula de consciência.
O senhor é contra a liberação?
Eu sou contra a posição do Fernando Henrique Cardoso, não temos condições de liberalizar desta forma. Não temos condições de atender a demanda que surgiria, não temos casas de recuperação.
O PV defende a bandeira ecológica. O Paraná é um estado dependente do agronegócio. Como conciliar isso?
O programa do partido em relação à agricultura não causa nenhuma preocupação aos agricultores. Não causa nenhum risco. Há possibilidade de compatibilizar o interesse da produção com a necessidade da preservação, que é o que fizemos com um programa mundialmente premiado, o Paraná Rural.
Sua relação com o governador Beto Richa ajudou a decidir pela saída do PSDB?
Todos sabem que há anos não há uma convivência adequada para quem integra o mesmo partido, em função de posturas diferentes. Isso é democrático, mas não houve uma boa administração dessa situação. Dizem que eu disputei a indicação para a disputa do governo em 2010, mas não foi assim. O que tinha se estabelecido era a indicação do candidato por meio de pesquisa de intenção de voto. E não houve isso. Na reunião que decidiu a candidatura eu nem compareci, porque havia um compromisso com a direção nacional.
Como fica sua relação com o PSDB?
Não pretendo fazer qualquer consideração sobre o PSDB. Tenho o maior respeito pelo partido, pelo seu programa. Infelizmente não foi possível continuar. Tenho conversado com o Aécio Neves (PSDB-MG) inclusive que, se eles desejarem, o PV pode integrar o bloco de oposição no Senado. O que eu desejava mesmo era um espaço onde possa ser mais efetivo no combate aos desmandos do governo.
O sr. continua confiante no impeachment?
Estou defendendo o impeachment, inclusive na tevê isso será abordado. O impeachment é desejo da maior parte da população. Houve crime de responsabilidade confirmado pelo TCU. Há análise de crime eleitoral no TSE. E há a enxurrada de crimes na lava jato. O conjunto da obra justifica o impedimento da presidente. Se ele vai ocorrer, não nos cabe decidir porque somos uma minoria. Mas superar esse impasse é fundamental.
Mas parece que o movimento arrefeceu, não?
Nas férias, sim. Pode haver um recrudescimento quando o Congresso voltar à atividade, quando houver geração de notícias. Em março há manifestação programada. Realmente em janeiro houve um esfriamento, um pit stop.
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