Apesar de Fernanda Richa sempre ter ocupado posições importantes nos mandatos do marido Beto Richa (PSDB) – hoje é secretária da Família e Desenvolvimento Social do Paraná – ela não sabe o que é um auditor fiscal.
A declaração foi dada pelo governador em entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues, do UOL. Richa tentava defender a esposa da acusação de envolvimento no escândalo de corrupção da Receita Estadual em Londrina – que, segundo o governador, ela nem mesmo sabe onde fica.
Esse tipo de defesa é no mínimo dúbia. Ao dizer que a esposa desconhece o que é um auditor, Richa passa uma imagem péssima dela. De falta de competência para baixo.
A declaração pode ser interpretada como um rebaixamento da mulher. Para ficar mais claro, é difícil imaginar o governador falando a mesma coisa de algum homem importante de seu governo – como qualquer outro secretário estadual, mesmo posto ocupado por Fernanda.
Richa poderia ter dito que Fernanda não tem nada a ver com a corrupção, que ela tem outras preocupações, que não conhece os envolvidos ou qualquer coisa do tipo. Mas chamar a esposa de mal informada (no mínimo) foi a maneira escolhida para a defesa dela.
Adoraria ouvir a resposta da Fernanda sobre a declaração do marido. Será que ela diria que realmente não sabe o que é um auditor? Ou será que poderia se defender de uma maneira que não se rebaixasse?
Além disso, na mesma entrevista Richa também diz que Fernanda é “uma valor de valor, trabalhadora. Uma mulher muito religiosa, vem de um bom berço, uma boa família”.
Para ele, mulher “de berço” – de família rica – e “religiosa” é mulher “de valor”. A esse tipo de mulher não caberiam alegações de corrupção. Mas sim às outras mulheres, as que não são de berço, que não são tão religiosas, que não mostraram seu valor.
Com isso, o governador presta um desserviço a todas as mulheres. Não é só um certo tipo de mulher que merece respeito. Todas merecem. Independente de origem ou qualquer outra coisa.
Em tempo: Fernanda deve ter no mínimo uma noção do que é um auditor. Afinal, ela foi citada em um jornal do sindicato da categoria por ter se empenhado para promoções de auditores.
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