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A ideia da democracia provavelmente funciona melhor numa pequena cidade, ou numa vila. As pessoas interessadas podem todas se reunir, discutir na praça pública e chegar a um consenso. Esse era o modelo antigo. Continua existindo em uns poucos lugares.

Claro que em Curitiba, hoje, isso seria impossível. Não haveria como reunir quase 2 milhões de pessoas em uma praça. Quanto mais se pensarmos no estado todo. Por isso temos democracia representativa: nós elegemos alguém para discutir e votar por nós.

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A Assembleia é isso: um simulacro daquela reunião em praça pública. Como não podemos estar todos lá, mandamos nossos representantes.

No entanto, a manifestação de ontem deixou uma coisa clara: que o povo, quando percebe que seus representantes não estão fazendo esse papel da maneira correta, está, sim, disposto a ir à rua e fazer novamente valer a sua voz.

Está disposto a esquecer um pouco as suas outras atribuições, o trabalho, a vida difícil, e fazer de novo o seu papel como agente direto de uma democracia.

A manifestação de ontem foi uma espécie de reclamação por quebra de contrato. Nossos representantes traíram nossa confiança. E fomos às ruas para dizer que percebemos isso.

E fomos às ruas para dizer que sabemos como funciona uma democracia. E que, se eles não perceberam, há gente que vai fiscalizá-los.

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Não somos uma cidade pequena, nem uma pequena democracia. Somos uma grande cidade. E, ontem à noite, com esse grande passo dado por todos, mostramos também que somos uma grande democracia.