

Roosevelt: o homem que mudou os EUA tem uma lição para o Brasil.
O Fantástico acaba de denunciar três estudantes de Medicina que segundo, hmmm, digamos, indícios, estariam sendo beneficiadas irregularmente pelo ProUni. Foram filmadas (duas delas e o pai da terceira) em carros caros. As casas também mostram que não se trata de pessoas de baixa renda.
Todas as três meninas moram em Maringá e estudam na Uningá. Todas são parentes de funcionários em cargos de confiança da Uningá. Segundo cálculo do Fantástico, as mensalidades delas desde 2005 somariam R$ 300 mil.
Como elas fazem parte do ProUni, estudam de graça. A faculdade ganha benefícios tributários do governo federal. As meninas recebem ainda bolsa de permanência. O problema é que o ProUni deveria beneficiar apenas famílias com renda máxima de um salário mínimo e meio por pessoa… Elas alegam inocência. O MEC diz que vai investigar. A Justiça decidirá.
Mas o ponto é o seguinte. O ProUni é um programa muito bacana. Colocou centenas de milhares de alunos em faculdades. A Gazeta do Povo mostrou recentemente, em bela reportagem de Paola Carriel, que já foram abertas mais de um milhão de vagas. Sem que o governo precisasse investir demais, a quantidade de alunos em ensino superior no país deu um salto.
Mas sempre aparece esse tipo de denúncia. É como no caso do Bolsa-Família: frequentemente aparece alguém recebendo e que não deveria receber. O governo precisa investigar isso mais rápido, e de maneira mais eficiente.
O problema com esse tipo de situação é que logo aparece algum político espertinho dizendo que o programa inteiro é umja bandalheira e dizendo que é preciso acabar com isso.
Curiosamente, estou lendo “A consciência de um liberal”, do norte-americano Paul Krugman, Nobel de Economia em 2008. E ele fala sobre uma situação parecida nos EUA.
Eram os anos do New Deal, a política de Franklin Delano Roosevelt para reerguer o país após o crash de 1929. Havia vários programas sociais. Foi aí que os EUA criaram a sua “rede de proteção” para os trabalhadores.
Veja o que diz Krugman, numa tradução tosca:
“Olhando para trás, é impressionante o quanto a ficha do New Deal era limpa. Roosevelt comandou uma imensa expansão dos gastos federais, incluindo gastos discricionários feitos pela Agência para o Progresso dos Trabalhadores (WPA). Mesmo assim, a imagem popular dos programas sociais, normalmente considerados corruptos antes do New Deal, na verdade melhorou muito.
“A probidade do New Deal não foi um acidente. As autoridades ligadas ao New Deal transformaram o acompanhamento dos seus programas contra a potencial corrupção quase num fetiche. Em especial, Roosevel criou uma poderosa “divisão de investigação do programa” para apurar denúncias de abuso na WPA. A divisão se provou tão eficiente que uma investigação feita pelo Congresso mais tarde não conseguiu achar um único caso sério que tivesse passado despercebido.
“A dedicação ao governo honesto não foi uma consequência da virtude pessoal de Roosevelt; antes, refletia um imperativo político. A missão de Roosevelt no governo era mostrar que a ação do governo funciona. Para manter a credibilidade dessa missão, era necessário manter a ficha desse governo limpa. E ele conseguiu isso.”
Lula deveria ter aprendido essa lição.
Quem quiser pode ver a matéria do Fantástico clicando aqui.




