Um trecho da reportagem que deu origem à manchete da Gazeta do Povo deste domingo pode ter passado quase despercebido. No entanto, sua importância é fundamental para os direitos dos cidadãos paranaenses. Trata-se de uma denúncia feita por um oficial da Polícia Militar que, por estar revelando fatos graves, preferiu ficar no anonimato. Veja o que ele diz:
Um importante freio para essas ações foi interrompido. Era o serviço de monitoramento das viaturas, uma tecnologia embarcada, o AVL (Localização Automática de Veículos, em inglês). Por ele, pode se verificar o rastro deixado pelas mortes em terrenos baldios ou prestação de socorro pelo caminho mais longo até a morte do “bandido”.
O AVL, baseado em um sistema GPS, informa posteriormente onde a viatura esteve. Qual trajeto fez. Por isso, se um policial faz um percurso esquisito entre, digamos, a cena de um “confronto” e o hospital, é possível ver onde ele parou. Pode ser, por exemplo, um matagal onde os “bandidos” foram realmente mortos. O que pode comprovar, por exemplo, que o confronto no local alegado pela PM não ocorreu. E que as pessoas foram assassinadas friamente pelos policiais.
Foi o que aconteceu poucos anos atrás, no Santa Cândida. Um grupo estava praticando assaltos à mão armada na região do Santa Cândida. A PM, chamada, foi até o local e disse que, na perseguição, houve troca de tiros. Os cinco suspeitos morreram (nenhum PM, claro, ficou ferido). Depois, vendo os dados do GPS, descobriu-se que entre o local do confronto e o hospital houve uma parada da viatura. Em um terreno baldio. E ficou claro que os suspeitos haviam sido mortos a sangue frio.
Há também o caso Amarildo para mostrar o quanto esse tipo de informação pode ser essencial para uma investigação. A morte do pedreiro em parte foi facilitada pelo fato de que todas as informações confiáveis que podiam levar ao rastreamento dos PMs bandidos foram apagadas ou ocultadas pela corporação. Desligando o AVL, o Paraná está permitindo que novos Amarildos sejam vitimados pela PM.
Se a denúncia do oficial procede, há um erro gravíssimo por parte da Polícia Militar. Por que os equipamentos estão desligados? Quem deu a ordem para que isso ocorresse? A Corregedoria está tomando medidas para que isso seja revertido? É preciso ter respostas rápidas para esse tipo de situação, que coloca em risco a vida e os direitos dos paranaenses.
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