Os deputados estaduais que tomaram a decisão de ficar ao lado do governo nos momentos de maior tensão do ajuste fiscal promovido por Beto Richa (PSDB) começam agora a ver vantagem em não terem pulado do barco.
Em fevereiro, um grupo de deputados tomou a mais inusitada decisão da história recente da Assembleia Legislativa do Paraná: para aprovar a reforma da previdência prevista por Richa, toparam entrar no ônibus do caminhão do Choque da PM.
Na época, ficaram conhecidos como a “bancada do camburão”. Foram hostilizados pela população em Curitiba, que inclusive tomou o plenário e fez a sessão de votação ser interrompida – quase os manifestantes invadem a Assembleia de vez e encurralam os deputados que tentavam votar o projeto no restaurante do prédio.
Também foram hostilizados pela população no interior. Um deputado da capital que deixou de votar com o governo disse que os colegas mais novos que aceitaram fazer o jogo de Richa “não tinham ideia do que estavam fazendo com suas carreiras políticas”.
Depois, em abril, quando o projeto foi reenviado em novo formato, os deputados aceitaram fazer a votação mesmo com um clima de guerra do lado de fora: 213 pessoas foram feridas pela ação violenta da Polícia Militar.
Na época, o líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), citou uma frase de Winston Churchill, dizendo que a diferença entre a guerra e a política era que na guerra só se morre outra vez. Previa o “renascimento” de quem ficou ao lado do governo – os 33 que permaneceram fiéis.
(O governador Richa citou a mesma frase de Churchill. Conhecendo os hábitos de leitura dos dois, não é difícil imaginar quem ensinou a citação a quem.)
Agora, já não é mais tão claro quem ficou por cima e quem ficou por baixo. Os deputados que pularam fora do barco (uma dúzia, mais ou menos) não arcaram com o ônus de apoiar as reformas impopulares. Na próxima campanha, não terão de enfrentar imagens suas entrando em camburão, por exemplo. Nem terão seu nome ligado ao 29 de abril.
Por outro lado, quem pagou para ver está hoje recebendo obras para inaugurar nos municípios. “Principalmente na saúde vai ter coisa para mostrar, agora que o caixa do governo está em dia”, diz um deles.
Quem tomou a decisão certa (do ponto de vista eleitoral) só ficará claro no ano que vem, quando muitos deputados pretendem disputar prefeituras em suas bases.
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