Neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, muitas cidades brasileiras fazem feriado para celebrar a memória dos negros. Curitiba não é uma delas. A Associação Comercial do Paraná e o Sinduscon foram à Justiça contra o feriado, aprovado pela Câmara em 2013.
O tema do racismo sempre foi jogado para baixo do tapete na cidade. Mas há vários motivos para acreditar que ele continua presente em nosso cotidiano. O blog lista dez temas recentes que têm a ver com o assunto. Veja:
1- A cidade rejeitou o feriado da Consciência Negra
Os argumentos usados pela Associação Comercial e pelo Sinduscon foram meramente em torno de questões legais (a impossibilidade de a Câmara criar mais um feriado) e econômicas (o prejuízo para o comércio). Mas isso não significa que o tema do feriado, em si, não possa ter tido peso na decisão das instituições de questionar o feriado. Há uma crença forte na cidade de que não é necessário agir para trazer o tema do racismo à tona. Como se ele não existisse ou não fosse realmente tão prejudicial quanto se pensa.
2- Os casos de agressões aos haitianos
Reportagem da Gazeta do Povo mostrou no ano passado que os haitianos que aportaram na cidade (todos negros) sofrem cotidianamente com agressões verbais e físicas. Eles relatam exclusão, preconceito e até mesmo violência contra os imigrantes.
3- A repercussão dos casos de agressões aos haitianos
A brutalidade do ocorrido não evitou que muita gente nas redes sociais fizesse comentários ainda mais preconceituosos, afirmando que os haitianos não são bem-vindos e até confundindo a geografia, dizendo que eles estariam trazendo o ebola da África (!?) para o Brasil.
4- A polêmica em torno das cotas
Muito se fez para desqualificar a ideia de que as cotas raciais poderiam reduzir a dívida histórica com pessoas que, geração após geração, têm tido menos oportunidades do que as outras em função de preconceitos.
5- Nenhum deputado eleito neste ano
O Paraná não elegeu nenhum deputado federal ou estadual “preto” (para usar a terminologia do IBGE). Há alguns poucos que se consideram “pardos”, o que para o IBGE é equivalente a negro. E só. O estado tem 30% de sua população de negros.
6- Nenhum governante negro na história da cidade
Nunca houve, até agora, um negro prefeito em Curitiba.
7- A ausência de monumentos em homenagem aos negros
Há praças da Ucrânica, da Espanha, do Japão, da França nas região central da cidade. A praça que tem a homenagem aos negros só ganhou um monumento há pouco tempo e fica longe das vistas de turistas e de boa parte dos curitibanos, no Pinheirinho.
8- A fantasia da cidade europeia
Durante muito tempo persistiu o mito de que éramos um “Brasil diferente”, sem muito uso de escravos e com poucos negros. A historiografia e a sociologia vêm desmentindo isso pouco a pouco.
9- Os ataques de skinheads e neonazistas
A cidade registra ocasionalmente ataques racistas, inclusive com mortes, e teve recentemente um surto de grupos neonazistas descoberto.
10- A ausência dos negros em cargos de alto escalão
É o que se chama de “invisibilidade”. Você não vê muitos negros nem mesmo atendendo em lojas de shopping, o que dizer de ocupando postos altos na administração pública, por exemplo.
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS