Ontem, escrevi aqui que havia cinco motivos que poderiam levar Dilma a ter de enfrentar um segundo turno contra Serra. Dez dias atrás, uma afirmação como essa poderia parecer estranha. Hoje, principalmente depois da divulgação do novo Datafolha, não é.
Na pesquisa, Dilma aparece com 51% dos votos válidos. Precisa ter mais de 50% para ganhar no primeiro turno. Serra tem 32% e Marina, 16%.
A candidatura Serra, que já foi dada como enterrada, ressurgiu dos mortos (nenhuma brincadeira com a aparência do candidato). Não por ter crescido (continua estacionada). Mas primeiro porque Marina cresceu, somando votos válidos aos de Serra.
E, principalmente, porque Dilma caiu. Já foram cinco pontos nos votos em geral. Nos votos válidos, em duas semanas a diferença da petista para a soma dos adversários caiu 14 pontos. Em cinco dias, segundo o Datafolha, precisaria cair mais um ou dois para haver segundo turno. E tendências, como se sabe, são difíceis de reverter.
Terão sido as denúncias da revista Veja as responsáveis pela mudança? Em parte, sim. Mas, na verdade, há muito tempo se previa que, depois de todos os eleitores estarem informados de que Lula tinha escolhido sua candidata, Dilma atingiria um teto. E que, de lá, a tendência só podia ser de queda.
Não havia como Lula transferir toda a sua popularidade. Nem havia como Dilma furar o teto do próprio padrinho. Do alto, só restava um caminho. A dúvida era se, mesmo escorregando um pouco, ela se manteria acima dos 50% de votos válidos.
No entanto, acho que mesmo com os atuais índices (se estiverem certos, claro), já haverá segundo turno. A abstenção no Nordeste e entre os mais pobres prejudica Dilma. A exigência de dois documentos para votar, mais ainda.
Para quem queria ver a novela mais cedo, má notícia: tudo indica que haverá mais quatro semanas de propaganda política na tevê…
Serviço
A pesquisa Datafolha ouviu 3.220 eleitores no dia 27 de setemrbo. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. O registro no TSE tem o número 32.913.
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