Mesmo sem ocupar nenhum cargo no governo, Joesley Batista mandava em muita coisa no país. A delação que ele fez à procuradoria da República mostra o tamanho da influência que ele e a empresa exerciam sobre vários setores do governo. No relato, é possível ver que Joesley influenciou no Cade, na escolha do ministro da Fazenda, “comprou” a eleição da presidência da Câmara e sabia de decisões do Banco Central antes que elas acontecessem. E, como se não bastasse, tinha infiltrados na Lava Jato.
Joesley tinha passe livre concedido pessoalmente pelo presidente Michel Temer para influenciar em vários órgãos do governo. Comprar a oportunidade de dar pitaco na gestão do país, é claro, não sai barato.
Para eleger Eduardo Cunha presidente da Câmara dos Deputados, ele teria desembolsado R$30 milhões – pouco perto dos R$940 milhões que a Eldorado Celulose, parte do conglomerado da família Batista recebeu do FI-FGTS. Tudo parte de uma negociata que envolvia além de Cunha, o ex-vice presidente da Caixa Econômica Federal, Fabio Cleto, que ano passado delatou todo o esquema.
Voltando ao delator do momento, Michel Temer teria nomeado Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, justamente por ele ter trabalhado no grupo JBS. No áudio da delação, Joesley se mostra insatisfeito com o ministro por ele não ceder às suas vontades tão facilmente. A escolha de Maria Silvia para a presidência do BNDES não é de seu agrado, bem como os rumos da Comissão de Valores Imobiliários, ele também tentou por alguém “ponta firme” na presidência do Conselho de Defesa da Concorrência (Cade).
Um empresário em conversa com o presidente da República é autorizado a usar a máquina pública em beneficio próprio. Percebe a gravidade da situação? É como se o país estivesse a venda: quem tiver o cacife para bancar o jogo, leva. Quando parecia que a Odebrecht tinha “levado a melhor”, o país é surpreendido mais uma vez. Joesley, ao que tudo indica deve seguir tranquilo, já que o acordo de delação premiada garante a ele uma vida plena em liberdade.
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