Nos últimos dias, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) mostrou tudo de que é capaz para permanecer no poder. Usa o regimento da Câmara (o que é legal) e a estrutura que a presidência lhe dá (o que é absolutamente ilícito) para burlar todas as tentativas de ser julgado no Conselho de Ética.
Com isso, fica a pergunta: e se ele assumir a Presidência da República? Isso é possível por três motivos. Primeiro, porque Dilma está na corda bamba do impeachment e vários parlamentares já dizem que Temer precisa ir junto.
Segundo, porque existe a possibilidade real de o Tribunal Superior Eleitoral declarar que a chapa de 2014 (que nesse caso envolve ao mesmo tempo Dilma e Temer) foi eleita com meios ilícitos, e deve ser cassada. Nesse caso, assume quem? O presidente da Câmara.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), um dos defensores de que o impeachment serve tanto para Dilma quanto para Temer, diz que não há esse risco porque o processo de cassação de Cunha no Conselho de Ética seria muito mais rápido do que o impeachment. Será?
Nesse último mês, Cunha conseguiu fazer com que o Conselho de Ética realizasse sete sessões já com o parecer favorável a seu afastamento sem conseguir votá-lo. Armou-se de tudo: afastamento de dois relatores, novo sorteio, decisões da Mesa Diretora em cima da hora e até deputados se estapeando.
Tudo para prolongar o processo. E mais: para mostrar que ele consegue fica ronde está. No centro do pode Legislativo.
Nas duas votações até aqui, dentro do Conselho, Cunha se saiu muito melhor do que Dilma na única votação sobre o impeachment. Ele conseguiu dois empates em dez a dez. Dilma levou de 272 a 199.
Ou seja: ele não só arrasta o processo como se mostra capaz de ganhar no voto. E a previsão de Alvaro Dias de que Dilma caia já com um novo presidente da Câmara pode ser mero otimismo do senador.
Agora, entre nós, já imaginou Cunha presidente?
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