Efeito dominó na família Camargo: agora perderam o cartório

As investigações que pesam contra o desembargador Clayton Camargo estão levando a um verdadeiro efeito dominó em sua família. O primeiro a perder sua posição foi o próprio desembargador, afastado por ordem do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ele é investigado por tráfico de influência e venda de sentença, entre outras coisas. Depois, começou-se a investigar seu filho, Fabio Camargo, cuja eleição para o Tribunal de Contas foi colocada sob suspeita. Agora, é a vez do irmão de Clayton, Cresus Camargo.

Titular de um cartório de protestos de Curitiba, Cresus foi afastado das funções no último dia 22, por ordem do Tribunal de Justiça do Paraná – o mesmo tribunal que há um mês ainda era comandado por seu irmão. O problema, segundo relata a reportagem da Gazeta do Povo é que Cresus, assim como dezenas de outros titulares de cartórios rentáveis, teira chegado ao posto irregularmente: teria passado em concurso para tabelionato menor, sendo transferido depois sem concurso para outro bem maior.

Durante décadas, séculos mesmo, o Judiciário paranaense foi dominado por algumas famílias. Os Camargo eram apenas uma delas. No momento em que Clayton Camargo passou a ter sua vida investigada pelo CNJ, porém, ficam cada vez mais claras para a população em geral sua relação com gente poderosa em outras áreas da administração pública. Seu filho foi deputado e conseguiu ser eleito conselheiro do TC. Seu irmão passou em concurso de cartório e foi transferido para outro maior. Ele ainda tem uma filha juíza de Vara de Falências – as mesmas falências que Fabio Camargo, irmão dela, investigava em CPI da Assembleia…

Ninguém está condenado. Pode ser, pelo contrário, que todos sejam absolvidos até o final do processo, com direito a embargos infringentes e tudo. Os fatos, porém, levam a crer que o poder do clã tinha base na velha política brasileira que levou algumas famílias a se perpetuar em cargos públicos geração após geração. Será que isso começa a mudar?