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A vingança é um prato que se come frio. E Flavio Arns (Rede) é de uma paciência extraordinária. Mas, quatro anos depois, se vingou em grande estilo, e em público, do que lhe foi imposto por Beto Richa (PSDB). No debate entre os dois, nesta terça-feira, na Gazeta do Povo, Arns foi implacável.

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O primeiro bloco, como relatou a repórter Angieli Maros, foi tranquilo; chegou a ser sonolento. Arns, com seu jeito de urso panda, falava de grandes conceitos e Richa, como sempre, fazia loas à própria gestão. Como os dois foram governador e vice por quatro anos, era de se esperar.

Mas a parceria entre os dois se rompeu em 2014, quando Beto, interessado em cooptar Ricardo Barros (PP), jogou Arns na sarjeta para substituí-lo por Cida Borghetti (PP). Arns ainda ficou no governo como secretário de Assuntos Estratégicos. Mas depois saiu, mudou de partido, e hoje é a maior ameaça para a eleição de Richa ao Senado.

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E, como concorrente, Arns se mostrou um panda sanguinário. No segundo bloco, começou a criticar duramente o segundo mandato de Beto na educação. Disse basicamente que Richa desfez tudo que ele, como secretário da área, tinha feito nos quatro anos anteriores.

Acusou Beto de:

1- Deixar que o salário dos professores derretesse, depois de ter sido concedida a equiparação com outras funções de ensino superior;

2- Ofender a categoria ao dizer que estavam “reclamando de barriga cheia”.

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3- Causa o 29 de abril por não saber manter diálogo;

4- Deixar as crianças das Apaes sem merenda há mais de dois anos;

5- Recriar a Fundepar, sabendo que havia intenções escusas por trás disso, e nomear Maurício Fanini, que confessou mais tarde desviar dinheiro de obras públicas em escolas.

Quem conhece Arns ficou estarrecido. A impressão é que o próprio Richa não esperava nem previa aquilo. No primeiro ataque, pediu imediatamente a palavra e contestou.

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Depois, virou meio que uma guerra constrangida dos dois lados. Arns seguia parado olhando o monitor – enquanto Beto respondia furioso, ele parecia um avô de pantufas olhando o programa dominical na tevê.

Beto negou tudo. Disse que seu governo deu mais de 140% de aumento para os professores contra 55% de inflação. Disse que depois da saída de Arns o dinheiro para as Apaes só aumentou, e que a questão da merenda era um problema jurídico.

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Mas o que mais parece ter deixado Richa irritado foi a acusação (meramente insinuada) de ter sido conivente com a Quadro Negro. O ex-governador disse que foi traído e ainda tentou rebater que o diretor anterior da Sude foi indicação de Arns, o que ele não nega.

O clima azedou a ponto de os dois mal se cumprimentarem na saída. Beto apenas apertou rapidamente a mão de Arns e lhe desejou “sorte” na eleição, saindo rapidamente do estúdio.

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