É sempre assim: fim de ano, no Legislativo, significa a aprovação de projetos a toque de caixa. Normalmente, de projetos que os senhores e senhoras legisladores queiram aprovar sem muita polêmica e sem nenhuma discussão. Aprova-se sem dar tempo de a população discutir, entra-se em recesso e cada um comemora a seu jeito, num resort ou numa casa de sapê, por dois meses antes de voltar às bases.
Os vereadores de Curitiba entraram na onda neste ano com o projeto que prevê verba de ressarcimento para os gabinetes. Hoje, eles têm direito a carro alugado, gasolina e selos. Querem trocar tudo por dinheiro, grana, bufunfa. Com a verba, poderão pagar outros itens, como jornais de autopromoção e outros materiais de campanha, desde que apresentem nota fiscal no período previsto. Como se sabe, dinheiro, não compra felicidade, mas pode garantir a reeleição.
O inacreditável é a rapidez com que o projeto tramita na Câmara. A proposta foi protocolada quarta-feira passada, dia 11. No mesmo dia o departamento jurídico da Câmara fez a análise legal do projeto, que foi em frente. No dia seguinte, quinta-feira, em velocidade de cruzeiro, o projeto passou por duas comissões. Na Comissão de Legislação e Justiça, recebeu parecer favorável (redigido e aprovado no mesmo dia) do vereador Felipe Braga Côrtes.
A análise em mais uma comissão no mesmo dia faria do projeto o Usain Bolt do Legislativo municipal. A Comissão de Economia, com mais um parecer tirado da manga do colete, desta vez pelo vereador Bruno Pessuti, colocou o assunto em discussão. Quem colocou água fria na fervura foi a vereadora Professora Josete, que pediu vistas e adiou a votação.
Claro que a pressa é para que a proposta esteja em vigor já no início de 2014. Tanto é que os vereadores, que haviam se esquecido de definir a data de vigência do projeto, rapidinho tamb´m ejá apresentaram uma emenda, que tramita em velocidade igual, garantindo que a lei vale imediatamente após sua aprovação.
Em 2014, a verba estará à disposição dos vereadores. Mas claro que não precisamos nos preocupar. Eles garantem que eles mesmos estarão em cima, atentos ao lance, para que nenhum desvio do dinheiro ocorra.
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