O vazamento das informações sobre a campanha norte-americana no Afeganistão mostra que algo está mudando na relação de forças entre a população e os governos. O tempo do segredo está ameaçado.
A internet se tornou o mais fantástico canal de informação para vazamento de dados secretos. A própria existência do WikiLeaks, usado para vazar dados de todo o mundo, já apontava para isso.
Informação é poder, diz a frase. Antes, os governantes tinham certeza de que só eles teriam acesso a informações secretas, como as de uma guerra. Hoje, não mais.
Umberto Eco tem uma teoria de que foi a atividade de intelectuais e da mídia, mostrando durante mais de um século o horror da guerra, de qualquer guerra, que tornou mais difícil defender a guerra, e mesmo fazê-la.
Pense: até o século 19, talvez, existia aquela visão idealizada de uma batalha. Heróis, cavalos empinando, grande coragem, ideais nobres. Parte disso era verdade. Mas…
O “mas” ficou claro à medida que romances, filmes e o noticiário foram mostrando os horrores de um campo de batalha. Começa com os escritores realistas (Tolstoi, Stephen Crane, Remarque), passa pelos filmes (o próprio Nada de novo no front, Glória feita de sangue, A glória de um covarde).
E chega ao Vietnã, com pessoas sendo mortas em rede de tevê, ao vivo.
Agora, há a internet. A diferença é que na tevê só umas poucas emissoras podiam levar algo ao ar. O mesmo servia para os outros veículos. Agora, é possível vazar documentos em tempo real, para multidões, e de maneira anônima.
Tenho impressão de que fazer guerra ficará ainda mais difícil agora. Tomara.
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