Dois fatos de hoje mostram que o Brasil tem medo de assumir diferenças que estão aí, para todo mundo ver. Uma delas tem a ver com Marina Silva. Outra, com Demóstenes Torres.
A senadora Marina disse em sua sabatina da Folha de S. Paulo que a diferença entre esquerda e direita na política está superada. Não dá mais conta de explicar os fatos, disse.
É claro que há sutilezas entre os dois extremos, e que as gradações são bem-vindas. No entanto, como disse durante a própria sabatina o candidato do PSol à presidência, Plínio de Arruda Sampaio, nada mais de direita do que negar a importância da distinção entre esquerda e direita.
Os dois lados existem, estão aí e defendem o que sempre defenderam. Cortar impostos continua sendo ação da direita; aumentá-los, da esquerda. Preocupar-se com iguais condições sociais continua sendo uma bandeira da esquerda. A liberdade de acumulação continua sendo bandeira da direita. E assim por diante.
O senador Demóstenes Torres, por outro lado, aprovou seu relatório do Estatuto da Desigualdade Racial na CCJ. Tirou do relatório toda e qualquer menção de raça. Como é possível fazer um estatuto da igualdade racial sem acreditar que há raças?
O senador diz que geneticamente há uma diferença mínima entre um nórdico e um africano negro. Claro. Mas como muito bem mostrou a reportagem de Paola Carriel na Gazeta a diferença não é genética, mas existe. É uma construção cultural, antropológica, mas que não pode ser omitida, como se fosse irrelevante.
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