A esquerda brasileira tem um baita problema para resolver a partir de agora. Não é só Lula. O sistema inteiro que permitiu a chegada do PT ao poder está indo água abaixo. E mesmo que Lula conseguisse concorrer na eleição de 2018 (o que parece cada vez mais improvável), o cenário parece altamente desafiador para que um governo nos mesmos moldes volte a se repetir.
Os três problemas básicos são:
Lula já era
A condenação criminal de Lula por si só já é um golpe terrível para a esquerda, principalmente porque a esquerda nacional achou mais cômodo viver à sombra de um único líder. Não se cultivou um único nome alternativo capaz de assumir esse legado.
Dilma era meramente uma afilhada de Lula que, sem ele, não se elegeria nem para o Congresso. Fora ela, quem mais? Nomes históricos do petismo foram detonados por investigações: Dirceu, Genoino, Palocci. A própria Gleisi, que parecia em ascendente, acabou pega na Lava Jato.
Outros envelheceram sem jamais poder disputar a Presidência, caso de Suplicy.
O partido também fez opções que afastaram insatisfeitos. Marina, que caminhou para o centro, Martha, que foi para a direita, e Heloísa Helena, que foi para a extrema esquerda.
E Lula, mesmo que assumisse a Presidência (não vai acontecer) governaria subjudice e num inferno de país dividido.
O PT está no fim
Sobrou quem? Mesmo os que não se envolveram em roubalheira foram abalados pela tragédia do lulismo, como aconteceu com Fernando Haddad, um prefeito no mínimo promissor.
A bancada petista definhou no Congresso. Com as investigações, metade da bancada paranaense fugiu para outras siglas assim que pôde. E na eleição municipal o partido tomou na cabeça de um jeito impressionante.
Não há qualquer outro partido forte de esquerda. Do PSol para lá, o radicalismo impede qualquer chance real de poder. Do PSol para cá, há o nanico PDT, o fisiológico PCdoB e… O que mais? A Rede?
O petismo foi fruto de um momento único na história do país: um momento em que, ao fim da ditadura, trabalhadores estavam mobilizados e receberam apoio de intelectuais de peso que acreditavam num projeto de esquerda democrática.
Mas para chegar ao poder o partido aceitou de tudo, começando pela Carta aos Brasileiros (que hoje sabemos ter o dedo da Odebrecht). E para mantê-lo, aceitou tudo. Do Mensalão à corrosão da Petrobras. Agora, conseguiu colar em toda a esquerda a pecha de corrupta.
Esse é mais um legado de Lula.
Sindicatos
Por sim, a reforma trabalhista desmonta boa parte do poder de entidades ligadas aos trabalhadores, que perdem renda com o fim do imposto sindical.
E os sindicatos patronais, obviamente, seguirão fortes. A luta pelo poder, nesse caso, vai ficar ainda mais assimétrica.
Vai ser difícil achar um novo caminho para a esquerda. Não há nomes, não há partidos e a base está ruindo. Sem Lula, o PT e os sindicatos, o que sobrará?
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