O motivo alegado pela prefeitura de Curitiba para fechar o guarda-volumes da Praça Osório, que era usado por moradores de rua, foi de que era preciso “devolver o parquinho” da praça para as crianças. Não ficou claro até onde o guarda-volumes estava prejudicando o uso do parque.
Até onde se saiba, não houve qualquer incidente envolvendo moradores de rua e crianças na Osório. Em tese, o guarda-volumes fica ali apenas para que eles não precisem ficar carregando seus pertences para onde vão: as poucas roupas, algum cobertor, documentos.
Mas existe um conceito de que morador de rua é um traste. Um incômodo, cuja mera existência já se transforma em um estorvo para os outros. Não se trata de negar o óbvio: há moradores de rua que são dependentes químicos. Também, como em qualquer gruop social, pode haver pessoas mal intencionadas.
No entanto, assim como qualquer outra pessoa, um morador de rua deve ter direito à presunção de inocência. Deve ter acesso a espaços públicos. E deve ter o direito a não ser julgado por um único atributo, como o fato de morar na rua.
A existência de um equipamento público para os moradores de rua deveria ser visto como um ganho. Para essas pessoas e para a cidade, que demonstra humanidade com quem mais precisa. Não parece haver qualquer motivo para achar que isso prejudica alguém.
Se houver problema com algum morador de rua, se ele fizer o que não deve, a Guarda Municipal pode agir. E é evidente que deve haver guardas na Osório. Mas simplesmente tirar algo de lá para evitar que eles frequentem a praça cheira a higienismo social. Um cheiro tremendamente incômodo.
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