Ok, você não acredita em luta de classes. Não precisa. Mas o fato é que existe um certo esforço da classe média alta e da elite econômica brasileira para devolver o poder político central a um projeto liberal mais ortodoxo. Ou seja: para devolver o poder ao PSDB.
Com a popularidade de Lula era impossível. Com as patetadas de Dilma, abriu-se uma avenida.
O PSDB não consegue vencer eleições para a Presidência há 20 anos. Tentou com três candidatos diferentes, mas não há Cristo que acabe com a síndrome de Vasco da Gama do partido. Eterno vice do petismo, o partido virou freguês.
Michel Temer (MDB, quase PSDB) foi a chance dos defensores das “reformas” chegarem ao poder. Se não dava por via eleitoral, que fosse na força bruta. Não havia crime de responsabilidade? Às favas com os escrúpulos. Se o povo não sabe votar, aquela era a hora de mostrar como deve ser um presidente de verdade.
Deu no que deu. Michel Temer é o presidente mais impopular da história da República. Uns 97% do país insistem em achar que foram prejudicados e que o país não deveria ser governado assim.
E é essa população que vai às urnas em outubro. A elite defensora do reformismo à la FMI não consegue nem de longe emplacar um candidato.
DESEJOS PARA O BRASIL: Uma política moralmente exemplar
Os nomes favoritos dos reformistas à direita seriam Alvaro Dias (Podemos), Henrique Meirelles (MDB) ou Geraldo Alckmin (PSDB). Somados, os três não têm votos suficientes para ganhar o governo de São Paulo.
Alckmin provavelmente decolará porque fechou pacto com o diabo do centrão – trocou a alma por tempo de tevê e dinheiro do fundo partidário. Terá tempo suficiente para exibir sua falta de carisma e para negar em público que arrochará a população – coisa que faria no primeiro dia de janeiro, se tivesse oportunidade.
Se Alckmin passar para o segundo turno, só terá chance de vencer caso seu adversário seja Bolsonaro. De qualquer outro, perderá. Pelo simples fato de que a população e a elite brasileira seguem apartadas. E o candidato que quer a cartilha do arrocho é inviável por definição.
O PSDB faria melhor se, ao invés de ficar com inveja das quatro vitórias consecutivas do PT, ao invés de ficar se lamuriando por estar perdendo votos para a extrema-direita, tentasse escutar o que a população quer.
Mas o partido segue na crença de que o povo não sabe votar. Que a Presidência caberia por direito aos tucanos, e que o problema do Brasil é o eleitor, esse tonto chamado brasileiro, não se dar conta disso.
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião