O diretor do curso de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR) escreveu uma resposta muito séria e ao mesmo tempo cheia de ironia ao deputado federal Fernando Francischini (SD). O documento está disponível na internet. Serve como explicação a um questionamento levantado pelo deputado sobre uma turma de Direito exclusiva para alunos “do MST”.
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Trata-se de uma velha acusação às universidades públicas do país, vinda especialmente da direita, que acusa a esquerda de dominar os cursos de Humanas, o Direito e especialmente as Ciências Sociais.
A resposta foi redigida pelo professor Ricardo Marcelo Fonseca e começa com uma afirmação bastante direta. “Não.” A UFPR não criou uma turma especificamente para atender ao MST.
O texto explica que a turma a que o deputado se refere é para atender ao Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). E que isso é bem diferente do MST. Fonseca explica que a questão fundiária no país tem séculos e que, mesmo no processo de reforma agrária atual, o MST é apenas um dentre vários movimentos a tratar do problema.
A primeira ironia vem já no começo do texto quando Fonseca diz que faz questão de responder ao deputado porque todos os paranaenses são conhecedores “da atenção que Vossa Excelência dispensa à educação” e que o pedido de informações não tem qualquer relação “com o conturbado contexto político atual”, mas sim decorre de um desejo de dar uma “genuína contribuição” para o debate sobre o ensino público superior no Brasil.
A seguir, o coordenador do curso diz ainda que o deputado não precisa se preocupar porque todos foram selecionados por critérios meritocráticos (via Enem); lembra que o Pronera não é uma invenção petista, mas vem do governo de Fernando Henrique Cardoso; e diz que as universidades, não bastasse tudo isso, têm autonomia por lei.
Ao final, o texto ainda retoma o debate sobre o “interesse” do parlamentar sobre a educação. Convida o deputado a ir à UFPR para saber mais sobre o tema. “Mas pode vir sem receio, pois vai encontrar um ambiente que tem aversão à violência por acreditar no diálogo; que acredita na inteligência como forma de evitar o confronto; que preza, enfim, a democracia, e sobretudo quer manter o espaço universitário como o território da liberdade.”
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