A frase faz parte da entrevista que o governador Beto Richa concedeu à Gazeta do Povo nesta quarta-feira. Mostra o que poderia estar por trás da movimentação que o Palácio Iguaçu fez nos últimos dias, na tentativa de aprovar o pacote de medidas de ajuste fiscal.
A ideia, a se levar a sério o que disse o governador, era colocar mais coisas do que o necessário em pauta. Sabia-se que haveria chiadeira. Assim, quando houvesse a gritaria, retirava-se o projeto mais polêmico, evitava-se o quadro “caótico” e todos se conformariam com as propostas “menos más”.
É uma estratégia antiga como andar para frente: colocam-se três cartas na mesa sabendo que será preciso retirar uma. Ou, em outro modo: põe-se o bode na sala. Quando o bode sai, fica parecendo que tudo melhorou, embora isso não seja necessariamente verdade.
Mas o cálculo do governo saiu totalmente pela culatra. Foi o fim do quinquênio, junto com as outras propostas usadas como “bode” pelo governo, que levou os professores à fúria. Descontentes, indignados, eles coordenaram o movimento que levou à ocupação da Assembleia e à não aprovação do pacotaço.
Mais que isso: começaram uma greve que atrasou em (pelo menos) duas semanas as aulas e causaram um desgaste inimaginável ao governador. Cenas lamentáveis, de deputados em ônibus de choque, e bombas de efeito moral, levaram o governo a também perder base na Assembleia.
O governo precisou desistir não só do quinquênio e de outras propostas que desde o início pensava em descartar. Teve de desistir de quase tudo, abrir mão da comissão geral e ainda negociar coisas que nem estavam na pauta inicialmente. Tentou ir para um lado e logo se viu empurrado para o outro. Não voltou à estaca zero. Passou aos números negativos.
Como se diz no popular, é isso que dá ir com sede demais ao pote.
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