O candidato Gustavo Fruet (PDT) adotou uma estratégia perigosa para rebater as críticas feitas à sua gestão. Como prefeito, dá a entender que falar mal do estado das coisas em Curitiba é falar mal da própria cidade. Ou seja: criticar a sua gestão (e a cidade que resultou dela) é desrespeitoso com a própria cidade.
É um artifício que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) usou, sem sucesso, na eleição de 2014, contra Dilma Rousseff (PT). Cada vez que Dilma criticava algum problema em Minas (dando a entender que se devia a erros do governo dele e de seu sucessor, Anastasia), Aécio dizia nos debates que ela estava “desrespeitando Minas”.
Aécio não é Minas. Fruet não é Curitiba. Pode ser que algum candidato, no ímpeto de fazer a gestão parecer pior do que é, tenha se esforçado demais e pintado uma cidade um tanto grotesca. Mas ninguém está proibido de fazer isso – e pode ser que os próprios curitibanos estejam perdendo o orgulho da cidade (se é que já tiveram).
De um jeito ou de outro, assim como a propaganda do candidato à reeleição não tem o condão de fazer as pessoas acreditarem em um paraíso, a propaganda contrária não é capaz de fazer as pessoas acreditarem que elas vivem num inferno – desde que isso não seja verdade.
Fruet tem todo o direito de se irritar quando exageram na mão e dizem que ele não fez nada. Mas não pode se arrogar o direito de definir quais críticas podem e quais não podem ser feitas à cidade no seu atual estágio.
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