Aos poucos, a prefeitura de Curitiba vai começando a falar palavras sobre as empresas de ônibus que até pouco tempo atrás eram tabus absolutos. Na última greve, o prefeito Gustavo Fruet (PDT) pela primeira vez usou a palavra “locaute”.
Tecnicamente, locaute é a greve do patronal. Fruet não disse com todas as letras que foi isso que aconteceu, até porque é uma acusação grave e que precisa ser provada. Locaute é crime. O contrato com as empresas prevê que elas podem perder a concessão se fizerem isso.
Mas Fruet, em coletiva, diante de toda a imprensa, disse que estava apurando a possibilidade de a paralisação ser comandada pelos patrões. Por essa lógica, o sindicato dos trabalhadores estaria atuando sob comando dos empresários. Ambos se beneficiam do aumento da tarifa.
Fruet não comprovou nada. Mas assim que estourou a nova greve, foi Roberto Gregório, presidente da Urbs, que fez o novo comentário. Disse que as empresas estariam “usando os trabalhadores”. A acusação é a mesma, mas com outras palavras. As empresas, claro, negaram novamente.
Nesta terça, já durante a greve parcial, foi o vereador Pedro Paulo (PT), umbilicalmente ligado a Fruet, seu ex-líder na Câmara, quem falou: “Não é possível que a cidade fique refém de 2 ou 3 empresários”, disse. Aqui, a acusação de locaute se mistura com a de monopólio.
A disputa não é mais meramente econômica. É política. E, pelo jeito, não se encerra com a greve atual.
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