O prefeito Gustavo Fruet (PDT) aventou nesta quarta-feira a possibilidade de ter existido um locaute na paralisação dos ônibus desta semana em Curitiba. Segundo o prefeito, em entrevista coletiva sobre a situação do transporte coletivo, os R$ 5 milhões que o governo do estado não repassou para o sistema – e que levou à greve pelo fato de os trabalhadores terem ficado sem o vale – são um valor expressivo, mas não poderiam ser suficientes para parar os ônibus.
“Nós tivemos uma paralisação de dois dias em Curitiba em razão da não antecipação dos salários de algumas empresas para os trabalhadores. Estamos falando de R$ 5 milhões. É expressivo, mas não é lógico que um sistema que movimenta R$ 1 bilhão em um ano paralise por R$ 5 milhões. Há algo muito maior em jogo ou algum tipo de pressão ou uma tentativa de locaute para estabelecer pressão e paralisar o serviço público”, disse. Mais tarde, afirmou que a paralisação “pode ter sido um instrumento de pressão política para conseguir um aumento da tarifa técnica além do que seria necessário”.
A hipótese de locaute, que é a greve comandada pelos patrões, para impedir que os trabalhadores vão ao serviço, já foi aventada em outros momentos. Porém, nunca um prefeito de Curitiba disse tão claramente acreditar que isso pode ter realmente ocorrido. Os sindicatos dos trabalhadores e dos patrões também sempre negaram a possibilidade de acordo para planejar as greves, comuns quando se está à beira da negociação salarial e definição de nova tarifa.
Os empresários defendem que a tarifa técnica seja elevada em fevereiro para R$ 3,74. Fruet chamou a coletiva para dizer que, assim, há três alternativas. Repassar o preço total para o passageiro não é uma delas. Portanto, a primeira ideia seria colocar subsídio. Nesse caso, seriam necessários R$ 80 milhões ao ano, aproximadamente.
Como o governo do estado já disse que não tem condições de pagar esse valor (ofereceu R$ 2,3 milhões ao mês), restariam, segundo o prefeito, duas hipóteses: o governo assume o pagamento da região metropolitana ou a Urbs estabelecerá preços diferentes para as linhas. Ou seja, a passagem dentro de Curitiba teria um preço, mas as linhas metropolitanas seriam mais caras.
Outro lado
O Setransp, que representa as empresas de ônibus, emitiu nota negando que tenha praticado locaute. Veja o texto:
O Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) vem a público para refutar com total veemência que tenha havido locaute por parte de suas filiadas durante a mais recente paralisação de motoristas e cobradores.
Pelo contrário, o Setransp orientou todas as concessionárias para cumprir rigorosamente o que determinou o Tribunal Regional do Trabalho (TRT), colocando 100% da frota à disposição, conforme ofício endereçado à Urbanização de Curitiba (Urbs). Além disso, o sindicato tem farta documentação que comprova o empenho e o compromisso das empresas de prestar o serviço à população durante a greve.
Com relação à tarifa técnica, o Setransp informa que já solicitou ao Ministério Público Estadual (MPE), em outubro do ano passado, o acompanhamento do cálculo do novo valor, a fim de que o processo tenha total transparência.
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