O prefeito vem insistindo ao longo de seus três anos de mandato em uma mesma tecla: trânsito. Ou, para ser mais preciso: tentativas de resolver os problemas de trânsito por meio de incentivo a outros modos de se locomover pela cidade. O discurso é excelente – os resultados ainda são poucos.
Dessa vez, a novidade é a substituição de uma vaga de EstaR na Cândido de Abreu, pertinho da sede da prefeitura, por um “parklet”. Uma espécie de local para descanso público, com bancos para quem quiser ler ou simplesmente dar um tempo no meio da correria. Tem também lugar para prender bicicletas. Por enquanto, é uma vaga só. Serve como símbolo, talvez. E também para discussão.
A prefeitura chamou o projeto de “vaga viva”. Em seu perfil no Facebook, Fruet postou a foto acima do “parklet” e perguntou o que os dignos internautas achavam. Claro que esse tipo de enquete em rede social não é nada confiável: começando pela seleção de quem vê (precisa ter acesso a computador, internet, seguir o perfil do prefeito…) e chegando ao fato de que é possível pedir para pessoas escreverem ou bloquear quem for contra. Mas, em resumo, houve elogios.
O aspecto simbólico parece ser o que conta mais: dizer que Curitiba, assim como várias outras cidades do mundo, estaria caminhando para deixar o carro para trás e se dedicando a encontrar alternativas mais ecológicas e que diminuam os engarrafamentos. A lista de outras medidas que vão no mesmo sentido inclui:
– A Via Calma na Sete de Setembro.
– As faixas exclusivas para ônibus no centro.
– Ciclofaixas.
– Agora também se diz que a prefeitura, novamente seguindo os passos de São Paulo, vai reduzir a velocidade máxima dos carros no anel central.
As medidas são positivas, não há dúvida. Há muito tempo se sabe que os carros, por mais práticos que sejam são um problema para as cidades. E a solução mais comum, de cada vez abrir mais espaço para o automóvel, é uma faca de dois gumes. Os urbanistas sabem que quanto mais espaço se dá para o carro, mais gente passa a preferir usá-lo. Jaime Lener costumava dizer que carro é como certos parentes: você não pode dar espaço demais, senão toma conta.
No entanto, todas as medidas são tímidas. Ainda há poucas ciclofaixas, por exemplo. A Via Calma só existe em um local. As faixas exclusivas existem na Rua XV, na Westphalen e na Marechal Deodoro. A prefeitura comemorou que o tempo dentro de ônibus na XV reduziu 45% depois da inovação. Mas é muito pouco: outras vias importantes, com muitos ônibus, como Alferes Poli, Getulio Vargas e Iguaçu já poderiam ter sido beneficiadas, por exemplo.
Claro, tudo é recente e falta dinheiro. Mas em um ano de gestão, por exemplo, Fernando Haddad (PT), fez mais em São Paulo, de faixas exclusivas, do que Curitiba fez em dois anos e meio.
Recentemente, a prefeitura também comemorou os resultados da integração temporal na linha Interbairros I. Excelente iniciativa – permite que os passageiros desçam da linha e peguem outro ônibus sem pagar. Mas, de novo, em outras cidades isso existe em todas as linhas. Aqui, em uma. Um amigo brincou que a prefeitura estaria comemorando a menor integração temporal do mundo. Pode ser.
Os caminhos adotados pela gestão, no fim das contas, parecem interessantes. Não são uma solução para os problemas de mobilidade, mas pelo menos algo está sendo discutido. A demora na discussão e na implantação das soluções, porém, faz com que o otimismo seja, no mínimo, diminuído.
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