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Colaborou Naiady Piva:

Um fundo de pensão que hoje vale R$ 12.3 bilhões foi o pomo da discórdia entre Dilma Rousseff e Eduardo Cunha – e, portanto, o primeiro passo para a discórdia que hoje leva o presidente da Câmara a apostar todas as fichas no impeachment da presidente.

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Na época da disputa pelo fundo Real Grandeza, em 2009, nenhum dos dois estava no posto que ocupa hoje. Cunha já era deputado pelo PMDB, mas ainda precisaria de seis anos para chegar onde está. Dilma era ministra da Casa Civil do governo Lula.

Cunha sempre teve interesses em Furnas, tida como a “joia da coroa” do sistema Eletrobras e de todo o sistema elétrico brasileiro. Apontava diretores e presidentes, como o ex-prefeito do Rio de Janeiro, Luiz Paulo Conde, falecido no ano passado.

Em 2009, com Conde na presidência e Cunha agindo nos bastidores, o grupo do Rio de Janeiro tentou chegar ao Fundo Real Grandeza, que à época geria R$ 6,3 bilhões e que cuida de aposentadorias e pensões de Furnas e da Eletronuclear.

A disputa durou dois anos. Cunha tinha o apoio do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), sucessor de Dilma na pasta, mas esbarrou em Lula e Dilma, que eram contra a tomada do fundo. Em reportagem de 2009, O Globo citou Lula dizendo que havia “ganância sem limite” do PMDB. Cunha se defendeu negando que agisse para tomar o fundo e dizendo que tinha virado “a Geni” do processo.

A briga terminou com a derrota de Cunha. Segundo o jornalista André Singer, porta-voz de Lula à época, em texto para a revista Piauí, “quando Dilma assumiu a Presidência da República, em 2011, e indicou para dirigir Furnas o engenheiro Flávio Decat, tirou de Cunha o brinquedo favorito. Consta que Decat possui o perfil técnico requerido pela presidente, embora seja próximo ao grupo de Sarney, cujos interesses no setor energético são expressivos”.

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O clima foi relatado já na época por reportagem do jornal Valor Econômico: “Após a crise na estatal, agravada por um suposto dossiê entregue pelo secretário municipal de Habitação do Rio, Jorge Bittar, ao ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, Dilma decidiu trocar toda a diretoria atual e substituí-la por nomes técnicos”.

A relevância de Furnas para a crise no governo voltou à tona com a delação de Delcídio do Amaral (PT-MS). Sendo que Delcídio não parecia nada disposto a poupar o governo em sua delação, a declaração dele de que em Furnas Dilma agiu para acabar com a corrupção vale algo.

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