A prestação de contas da campanha de Jair Bolsonaro (PSL) afirma que o presidente eleito venceu a disputa com despesas inacreditavelmente baixas. Segundo os dados apresentados ao TSE, Bolsonaro, na soma dos dois turnos, gastou R$ 2,4 milhões, o equivalente a 4,2% da campanha mais cara de 2018.
Quem mais teve despesas com a campanha foi Henrique Meirelles (MDB), com R$ 57 milhões. Em seguida, aparecem Geraldo Alckmin (PSDB), com R$ 53 milhões e Fernando Haddad (PT), com quase R$ 37 milhões.
Bolsonaro teria despendido apenas 10% do candidato mais bem colocado entre os que saíram da disputa ainda no primeiro turno: Ciro Gomes (PDT) registrou na Justiça Eleitoral gastos da ordem de R$ 24 milhões.
Além disso, mais de 10% dos gastos de Bolsonaro representam, na verdade, segundo a prestação de contas ao TSE, doações a dois filhos que também foram eleitos neste ano: R$ 200 mil para Flávio Bolsonaro, eleito senador pelo Rio de Janeiro; e R$ 100 mil para Eduardo Bolsonaro, eleito deputado por São Paulo.
A “modéstia” da campanha de Bolsonaro também espanta quando se vê quanto foi pago em cada um dos itens de campanha. Por exemplo: embora os adesivos do candidato estivessem entre os mais comuns pelo país, a prestação de contas informa que só foram gastos R$ 109 mil com este item. Teriam sido produzidos, no total, 250 mil adesivos.
Leia mais: Cinco ações de Sergio Moro que facilitaram a eleição de Bolsonaro
Para se ter uma ideia de quanto isso é pouco, basta ver quanto custa uma campanha estadual (num território bem menor) e para um cargo de menor relevância. Oriovisto Guimarães (Podemos) se elegeu senador pelo Paraná gastando R$ 3,3 milhões. Desses, R$ 242 mil foram investidos em adesivos – mais do que o dobro gasto por Bolsonaro para se eleger presidente.
Até mesmo candidatos a deputado estadual por vezes têm gastos semelhantes ao de Bolsonaro. Alexandre Curi (PSB) por exemplo, registrou gastos de R$ 88 mil para espalhar adesivos apenas pelo Paraná. É preciso lembrar que o eleitorado paranaense equivale a cerca de 5% do nacional.
Outro item espantoso é o gasto com agência de turismo. A campanha de Bolsonaro declara ter tido R$ 265 mil em despesas com a empresa responsável pelo deslocamento e hospedagem da candidatura. Pouco mais de 10% do total de gastos da campanha. Agora compare-se isso, por exemplo, com o gasto de Alckmin, que só enfrentou o primeiro turno: R$ 3,3 milhões.
Evidente que Bolsonaro viajou menos em função da facada que o manteve fora dos 30 últimos dias do primeiro turno, enquanto Alckmin, por exemplo, seguia em campanha pelo país. Mesmo assim, os gastos se referem a 20- dias de campanha, contra quase 50 do tucano. Mas, ao invés de representar 40% do total, representam menos de 10%.
Na contratação de advogados, Bolsonaro também foi de uma parcimônia quase inacreditável. Registrou gastos de R$ 50 mil, enquanto Meirelles, por exemplo, teve despesas de R$ 810 mil.
Gastos dos principais candidatos
Henrique Meirelles (MDB) – R$ 57 milhões
Geraldo Alckmin (PSDB) – R$ 53 milhões
Fernando Haddad (PT) – R$ 37 milhões
Ciro Gomes (PDT) – R$ 24 milhões
Marina Silva (Rede) – R$ 5,9 milhões
Guilherme Boulos (PSol) – R$ 5,7 milhões
Alvaro Dias (Podemos) – R$ 5,6 milhões
Jair Bolsonaro (PSL) – R$ 2,4 milhões
João Amoêdo – R$ 1,7 milhão
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS