Presidente nacional do PT, a senadora Gleisi Hoffmann afirma que a eleição presidencial de 2018 está sendo decidida por uma “máquina de mentiras” montada no WhatsApp. Segundo ela, essa rede foi montada “não se sabe onde, como nem com que dinheiro” para propagar informações falsas sobre os anos de governo petista.
Para ela, o importante agora é provar que o partido não usou kit gay, não legalizou o aborto nem transformou o Brasil numa Venezuela no período em que governou. Veja a entrevista exclusiva para o blog.
A impressão hoje é de que o PT está sem ter para onde correr. O que o partido pretende fazer?
Não se trata de correr. É uma questão de linha de campanha. Neste momento, não temos uma campanha para eleger o Fernando Haddad (PT), e sim um movimento pela jovem democracia brasileira, que está ameaçada pela candidatura do Jair Bolsonaro (PSL).
Mas e qual é a estratégia?
Motivar as pessoas, mostrar o que realmente está em risco. Esta primeira semana usamos para reorganizar a campanha, cuidar dos programas de tevê, das redes sociais, costurar alianças. Agora vamos começar a fazer ações e atos para botar tudo isso em prática. Hoje mesmo [segunda] temos uma reuniões com todos os partidos que nos apoiam.
O maior obstáculo à eleição do Haddad parece ser a rejeição do partido, construída ao longo de anos. Como desconstruir isso em duas semanas?
Uma rejeição que foi construída e estimulada inclusive pelos que apoiam a democracia. Criaram um monstro. Agora temos que mostrar o que o PT realmente fez quando governou o país. Teve kit gay? Não. Legalizamos o aborto? Não. O Brasil virou uma Venezuela? Não. O que teve com o PT no governo foi geração de emprego, renda, apoio ao estudo, criação de universidades…
Muita gente questiona o PT por não fazer uma autocrítica em relação a seus erros.
A melhor autocrítica é na prática. Política não é profissão de fé para você ficar o tempo todo se autocriticando. Essa campanha já provou qual é nosso caminho. Foi uma campanha franciscana. Quem está gastando muito é o outro lado, que tem grandes empresas estão apoiando, que cria redes e mais redes de WhatsApp. Até o Steve Bannon diz que está apoiando o Bolsonaro, o que é proibido. Quem está pagando tudo isso?
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Haddad teve muito pouco tempo para se apresentar ao eleitor. Manter a candidatura do Lula até o fim não foi um erro?
Não, não foi um erro. Se o lula saísse antes o Haddad seria desconstruído antes. E a relação de confiança do partido com o povo mais forte sempre foi por meio do Lula. Ele é o elo. O que nós não contávamos era com uma
ação muito grande de máquinas subterrâneas, principalmente no WhatsApp, para espalhar mentiras.
A sra. acha que a campanha está sendo decidida no WhatsApp?
Não tenho dúvidas, numa máquina de fake news, construída não se sabe onde e como.
Até agora Ciro Gomes não entrou na campanha do Haddad, inclusive viajou para for ado país. Isso é um problema?
Tem que respeitar o tempo das pessoas. Falei com o Carlos Lupi (PDT) e ele me disse que o Ciro volta ao país quarta e quinta. A participação dele tem importância, até mesmo se ele pretender disputar eleição mais adiante.
Há quem diga que ele seria ministro da Fazenda em caso de vitória de vocês. Procede?
Não, nenhuma conversa sobre formação de ministério. Você não monta governo sem se eleger antes.
O Fernando Henrique Cardoso disse que existe “uma porta” para falar com vocês. Essa porta vai ser aberta?
É uma figura importante. Espero que ele perceba o que está em jogo. Todo mundo que participou de uma forma ou de outra do pacto constitucional de 1988 tem uma responsabilidade neste momento.
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