Gleisi Hoffmann (PT) deu uma entrevista para o repórter André Gonçalves, desta Gazeta, e lavou em público a roupa suja com o ex-senador pedetista Osmar Dias (veja abaixo a reprodução do trecho). Disse basicamente que a não participação de Osmar em sua campanha foi uma decepção. Com todas as letras: decepção. Coisa rara políticos irem a público e serem tão claros sobre colegas do mesmo grupo. Sinal de que a senadora deve estar mesmo irada com Osmar.
Pensando no passado, a situação pode parecer uma coisa do tipo chumbo trocado. Em 2010, Osmar reclamou muito que seus parceiros de campanha não o apoiaram tanto quanto ele esperava. Na época, ele tentou ser governador e tinha em sua chapa o PMDB e o PT de Gleisi Hoffmann. Osmar perdeu por pouco para Richa e saiu se queixando que a coligação não fez tudo o que podia por ele.
Pensando para o futuro, a situação pode efetivamente levar a um rompimento entre o PT e o PDT na província. O que complicaria ainda mais a situação das duas partes. Juntos, os dois já têm tomado um baile do grupo de Beto Richa (PSDB). Separados, apanhariam ainda mais. Richa agradece os tropeços dos adversários e segue feliz rumo ao segundo mandato no Palácio Iguaçu.
Veja o trecho da entrevista:
A coligação da sra. contou só com PCdoB e PDT. Além disso, houve prefeitos do PDT que apoiaram a reeleição do governador. A sra. se sentiu traída por algum aliado? Alguns nomes como Gustavo Fruet e Osmar Dias deixaram a desejar?
O Fruet teve presença na campanha, gravou para o meu horário de televisão, participou de reuniões. Nós ainda não avaliamos o porquê do nosso resultado em Curitiba. É possível que a presença não tenha sido a que era necessária, mas ele teve presença. Em relação ao Osmar, foi uma absoluta ausência. E acho que isso refletiu muito no posicionamento do partido no estado. Se você me perguntar o sentimento que eu tenho em relação à participação do Osmar na campanha, é de decepção. Não só por conta da minha campanha, mas principalmente pela da presidenta. A presença dele no estado, dando esse depoimento do que foi feito, seria muito importante para que a presidenta tivesse se saído melhor no Paraná.
Osmar costuma falar que não pode fazer campanha devido ao cargo que ocupa, de vice-presidente do Banco do Brasil.
Ele poderia ter tirado uma licença. Foi o que eu tinha sugerido inclusive. Não precisava ser de três meses, mas de 30, 40 dias. É plenamente possível. Não sei se ele consegue agora, no segundo turno, tirando uma licença de 15 dias, reduzir o estrago que foi feito lá, a desconstrução da imagem do PT. Você conversa com certos representantes da agricultura do Paraná e parece que o PT e a presidenta Dilma são os responsáveis por uma situação de insustentabilidade no setor. Quando na realidade estamos bem. E contra isso o Osmar teria sido muito importante.
Mas o que ele falou à sra.?
Falou que estava vendo, avaliando, que ia falar com a presidenta. Não sei avaliar o que motivou. O que eu sei é que decepcionou