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Gleisi Hoffmann. Foto: Pedro França/Agência Senado.
Gleisi Hoffmann. Foto: Pedro França/Agência Senado.| Foto:

Você pode gostar de Gleisi ou não. Você pode achar que ela cometeu crimes ou não. Você pode ficar feliz caso ela seja condenada ou não. Mas convenhamos: as provas contra a senadora paranaense são, no mínimo, dúbias. O que se tem contra ela parece pouco para garantir uma condenação criminal.

Isso não significa que o STF vá inocentá-la (siga aqui o julgamento). Assim como a condenação, caso venha, não significará que não haja espaço para discussão. Pelo contrário: o número cada vez maior de condenações sem que haja provas diretas contra o condenado deveria obrigar a uma discussão séria.

Tememos a impunidade, ótimo. E a Lava Jato nos levou, nesse sentido, a um caminho melhor. Mas os casos do apartamento tríplex de Lula e o processo de Gleisi levam ambos a uma linha perigosa que pode nos levar ao outro extremo: punir só pelo medo da impunidade, ainda que as garantias constitucionais sejam atropeladas.

Se você acha que este é um texto em defesa do PT, pense duas vezes. Seria tolice reduzir tudo a partidarismos. Tanto faz se o condenado ou o réu é de um lado ou de outro: o que nós precisamos é de um sistema jurídico que seja de fato justo – nem favorável demais aos réus, nem punitivo quando não há provas.

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A existência de provas (senão cabais, pelo menos contundentes) é o mínimo que se deveria pedir. No entanto, desde o fatídico comentário de Rosa Weber na condenação de José Dirceu no mensalão (de que era possível condenar sem provas), as coisas tomaram um caminho perigoso. E há de lembrar que o juiz assistente de Rosa Weber à época era Sergio Moro.

No caso de Gleisi, há duas coisas diferentes: o dinheiro que dizem ser ilícito (e vamos que seja) foi parar na campanha dela. Esse é um problema eleitoral, e parece que aqui os indícios são fortes. O caso da corrupção e lavagem de dinheiro é bem diferente.

Não há absolutamente nada mostrando que a senadora agiu, mandou agir ou sabia que alguém agiu para desviar o dinheiro. A palavra certa para isso é especulação. E condenar alguém com base em especulação é um perigo danado. Afinal, meu amigo, lembre sempre: o próximo pode ser você.

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