![Gleisi no STF: não há prova de que senadora roubou ou mandou roubar Gleisi Hoffmann. Foto: Pedro França/Agência Senado.](https://media.gazetadopovo.com.br/vozes/2018/06/26348342564_069fdf31d3_o-klwe-u20233764582yfb-1024x57640gp-web-768x432-cb910c96.jpg)
Você pode gostar de Gleisi ou não. Você pode achar que ela cometeu crimes ou não. Você pode ficar feliz caso ela seja condenada ou não. Mas convenhamos: as provas contra a senadora paranaense são, no mínimo, dúbias. O que se tem contra ela parece pouco para garantir uma condenação criminal.
Isso não significa que o STF vá inocentá-la (siga aqui o julgamento). Assim como a condenação, caso venha, não significará que não haja espaço para discussão. Pelo contrário: o número cada vez maior de condenações sem que haja provas diretas contra o condenado deveria obrigar a uma discussão séria.
Tememos a impunidade, ótimo. E a Lava Jato nos levou, nesse sentido, a um caminho melhor. Mas os casos do apartamento tríplex de Lula e o processo de Gleisi levam ambos a uma linha perigosa que pode nos levar ao outro extremo: punir só pelo medo da impunidade, ainda que as garantias constitucionais sejam atropeladas.
Se você acha que este é um texto em defesa do PT, pense duas vezes. Seria tolice reduzir tudo a partidarismos. Tanto faz se o condenado ou o réu é de um lado ou de outro: o que nós precisamos é de um sistema jurídico que seja de fato justo – nem favorável demais aos réus, nem punitivo quando não há provas.
Leia mais: Nove paranaenses assinaram a CPI da Lava Jato. Veja quem já desistiu
A existência de provas (senão cabais, pelo menos contundentes) é o mínimo que se deveria pedir. No entanto, desde o fatídico comentário de Rosa Weber na condenação de José Dirceu no mensalão (de que era possível condenar sem provas), as coisas tomaram um caminho perigoso. E há de lembrar que o juiz assistente de Rosa Weber à época era Sergio Moro.
No caso de Gleisi, há duas coisas diferentes: o dinheiro que dizem ser ilícito (e vamos que seja) foi parar na campanha dela. Esse é um problema eleitoral, e parece que aqui os indícios são fortes. O caso da corrupção e lavagem de dinheiro é bem diferente.
Não há absolutamente nada mostrando que a senadora agiu, mandou agir ou sabia que alguém agiu para desviar o dinheiro. A palavra certa para isso é especulação. E condenar alguém com base em especulação é um perigo danado. Afinal, meu amigo, lembre sempre: o próximo pode ser você.
-
Novo embate entre Musk e Moraes expõe caso de censura sobre a esquerda
-
Biden da Silva ofende Bolsonaro, opositores e antecipa eleições de 2026; acompanhe o Sem Rodeios
-
Qual o impacto da descriminalização da maconha para os municípios
-
Qual seria o melhor adversário democrata para concorrer com Donald Trump? Participe da enquete
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião