Os americanos costumam chamar presidentes em fim de mandato de “pato manco”. Basicamente, quer dizer que o sujeito já não manda mais nada. É capaz de pedir um cafezinho e não trazerem – aprovar uma lei, então, é praticamente impossível.
Em Michel Temer (MDB), selo cabe à perfeição, até por ser o pato amarelo da Fiesp o grande símbolo da artimanha que ele usou para chegar ao poder. Para deixar de ser um vice decorativo e ter mais acesso, digamos, aos Joesley da vida. Agora, manquíssimo, é renegado até pelos mais próximos.
Cida Borghetti (PP) se encaixa numa categoria ligeiramente diferente. Assumiu o governo para ficar só nove meses, na esperança de que o tempo fosse só a gravidez do futuro mandato. Mas assim que perdeu a caneta e o prazo dos convênios acabou, a coisa desandou.
Nesta semana, a governadora se viu na posição vexaminosa de nem ter como lutar para manter seus vetos ao reajuste do funcionalismo. A derrota para a oposição foi patética: mais ou menos como se um sujeito entrasse com um Fusca 77 no meio de uma corrida de F1, Cida foi atropelada pelos desertores mais rápidos do planeta.
Fora a própria filha, a deputada Maria Victoria (PP), e seu líder no Legislativo, Pedro Lupion (DEM) todos abandonaram o barco.
DESEJOS PARA O PARANÁ: Planejamento de longo prazo
Evidente que o poder sempre tem seu charme. A governadora ainda pode prometer algum benefício, tem como nomear e exonerar até dezembro. Mas os bilhões que podia repassar já foram gastos. E os prefeitos e deputados se interessam é por isso: obras e dinheiro.
Agora, o que restou a Cida é a parte complicada de ser governadora. Administrar os pequenos abacaxis à medida que eles aparecem. Como descobrir que a própria polícia lançou um edital machista para contratar cadetes com tendências à psicopatia.
Cida quis a todo custo ser governo. Governou por três meses. Agora, resta saber se foi suficiente para convencer 50% dos paranaenses de que ela merece uma nova chance. Porque daqui até outubro, o que resta é torcer pra não acontecer nada mais grave.