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As explicações da secretária de Fazenda do governo estadual, Jozélia Nogueira, sobre a situação dos cofres públicos deixa duas possibilidades para interpretar o que está acontecendo. Nenhuma delas faz a atual gestão parecer muito prudente.

Em entrevista ao repórter Guilherme Voitch, publicada nesta sexta-feira na Gazeta do Povo, Jozélia diz que o governo está esperando os empréstimos que solicitou para normalizar o caixa. Enquanto isso, diz a mesma reportagem, a PM ficou com a conta atrasada, adiou pagamentos, paralisou obras… Nada tão grave, diz a secretária (!).

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Esperar empréstimos para pagar contas do dia a dia é, no mínimo, estranho. Empréstimos, claro, devem ser feitos para pagar obras, investimentos, coisas que fiquem para as futuras gerações (já que são elas que vão pagar as prestações). Empréstimo para pagar o dia a dia é bola de neve sem fim.

Fosse essa a ideia (a explicação número 1) e nem haveria muito o que contestar. O governo estaria tremendamente errado e teria se enfiado em uma dívida que estaria colocando no prego para o sucessor pagar sem deixar obra nenhuma como compensação.

Há a segunda explicação, que é a dada pela secretária: como não teve os empréstimos liberados, o governo decidiu ir usando o dinheiro do orçamento comum para pagar as obras e investimentos. E, agora, segundo ela, os empréstimos vão virar “reembolso”.

Mas isso é de uma temeridade ímpar. Como pode um governo ir gastando o que não tem, na esperança (sem lastro) de que o dinheiro vai chegar a tempo de pagar as contas? Isso é o que, no linguajar do povão, se chama de contar com os ovos antes que a galinha os ponha. Ninguém pode governar assim e esperar que as coisas deem certo, simplesmente.

Em breve, caso os empréstimos saiam (e torçamos para que sim), saberemos se afinal a explicação era uma ou outra. Se tudo voltar ao normal e as obras andarem, menos mal. Se mesmo assim as coisas continuarem emperradas, teremos uma calamidade pública.

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