Geddel Vieira Lima foi pego pressionando um ministro para que liberasse uma obra proibida pelo Iphan. O ministro da Cultura caiu – ele, não.
Descobriu-se que Geddel tinha parentes interessados na obra. Que ele próprio tinha um investimento milionário na obra que queria liberar. Geddel chorou, mas não caiu.
A Comissão de Ética da Presidência abriu uma investigação sobre Geddel. O ministro não só não caiu como ganhou apoio explícito do Congresso, que se recusou a chamá-lo para se explicar.
Enfim, porém, o ex-ministro da cultura foi à Polícia Federal e disse que não foi apenas Geddel quem o pressionou. Que o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o próprio presidente Temer pediram que ele liberasse a obra.
Que a AGU estava no esquema.
E que ele tinha tudo gravado.
Só aí Geddel caiu. Só quando se soube que Temer, o próprio Temer, o presidente da República foi flagrado em gravação defendendo ação ilegal por parte de um ministro seu. Só aí Geddel foi convidado a escrever uma carta de renúncia.
Todo mundo já sabia que a ilegalidade existia. Sabia-se quem tinha cometido. Mas a ética do governo não é a de punir quem está errado. Pelo contrário, enquanto pôde, Temer puniu quem estava certo: puniu Calero, que denunciou.
A ética do governo Temer é a ética do perigo. Demite-se quem traz perigo para o poder. De início, o entrave para que o poder continuasse agindo como Temer e os seus gostam era Calero. Só quando Geddel passou a atrapalhar o governo e sua partilha de poder é que ele precisou sair.
Alguma coisa precisava ser feita para que tudo continua como está.
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