Beto Richa. Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo.| Foto:
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De todas as más notícias trazidas pelo pacote de medidas do governo do estado, a informação de que o governo pretende pôr a mão em R$ 8 bilhões de poupança economizados ao longo de uma década e meia para pagar as aposentadorias do mês a mês é, de longe, a pior.

Previdência é um dos grandes assuntos que devem entrar na discussão de qualquer governo. O fato é simples: a sociedade brasileira está envelhecendo e, a cada ano, o tanto de dinheiro gasto para pagar os aposentados aumenta. Fica uma proporção cada vez mais assustadora em relação ao caixa do estado.

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No governo Jaime Lerner, uma reforma importantíssima foi feita: calculou-se quanto cada um precisava pagar para que o sistema fosse “sustentável”, segundo a palavra da moda. Ou seja: para que o governo usasse apenas o dinheiro da previdência na previdência, sem precisar fazer mais aportes.

A ideia era de longo prazo. Os funcionários já aposentados continuariam sendo mantidos pelo tesouro. Os novos começariam a pagar para um fundo e o dinheiro ficaria lá, guardadinho. Com o tempo, todos os pagamentos seriam feitos por esse fundo, e o tesouro não precisaria mais fazer aportes.

Agora, o governo Richa decidiu que a situação atual  é emergencial e que não há como continuar fazendo uma poupança de longo prazo: é preciso fundir os dois fundos existentes. Na prática, isso significa torrar essa poupança com os pagamentos mensais.

O governo diz que , no longo prazo, tudo se resolverá com a nova proposta de contas individuais. Pode ser verdade. Mas isso só ocorrerá daqui a quarenta, cinquenta anos, quando todos os atuais servidores tiverem deixado de receber aposentadoria e não houver mais pensões relativas a eles. Mais tempo, na verdade.

A previsão no governo Lerner é de que a ParanáPrevidência fosse autossuficiente em 2023. Nos oito anos de governo Requião, a coisa só andou para trás: o governo não fazia todos os depósitos necessários para a tal poupança e criou-se um déficit bilionário em relação ao fundo. Por isso, só 14% dos inativos eram pagos pelo fundo de longo prazo.

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Tínhamos a possibilidade real de termos um sistema autossuficiente em oito anos. Agora vai demorar mais décadas. Isso é muito pior do que as outras “maldades” anunciadas. Porque, se sobrasse o dinheiro hoje pago em aposentadorias, seria possível melhorar muito o salário do funcionalismo, contratar mais gente etc.

Mas, se a Assembleia aprovar o pacotaço como ele está, tudo isso será coisa do passado…