A possível fraude para a licitação da obra na PR-323 é o mais sério escândalo de corrupção já revelado sobre o governo Beto Richa. Além da gravidade dos fatos, há a proximidade com Beto: Deonilson Roldo, flagrado na gravação, era a pessoa mais próxima a Beto.
Em dezembro de 2014, nove de dez políticos e pessoas que conheciam bem Beto diziam que Deonilson era a pessoa mais influente no seu governo. Era a pessoa mais próxima e quem ele mais ouvia. Veja bem: à frente da própria primeira-dama, Fernanda Richa.
E Deonilson estava negociando uma obra de estradas, área que Beto entregou desde o começo do governo a seu irmão José Richa Filho, o Pepe. “Dessa vez, Beto não terá como dizer que se tratava de um irmão distante, nem de um chefe de Gabinete distante”, diz um aliado.
A denúncia é grave também porque o círculo parece se fechar de maneira perfeita. Na gravação, Deonilson diz que o governo tinha “um compromisso nessa obra”. O compromisso foi com a Odebrecht, que anos mais tarde admitiu que deu R$ 2,5 milhões em caixa dois para a campanha de Beto naquele ano.
Na gravação, Deonilson diz que se a Bertin precisasse, adiaria a licitação. A licitação foi adiada. Ele diz que vai resolver isso em meia hora. Para quem ligou nesse meio tempo? Com quem teria conversado para combinar isso? Pediria autorização para alguém? Para quem o chefe de Gabinete do governador pede autorização?
Claro que no momento todos negam a denúncia. E terão de ter direito a defesa. Mas o caso já estava com a Justiça Federal. E parece que o juiz Sergio Moro terá farto material para analisar no processo: e tem gente que diz que ele condena até sem provas.