A sessão da Câmara de Curitiba desta segunda-feira é daquelas que deveria causar vergonha. Os vereadores da cidade resolveram mais uma vez se prestar ao papel de subalternos do prefeito, aceitando tudo o que venha da prefeitura com um simples “sim, senhor”.
Não se trata nem de ser contra ou a favor da proposta das terceirizações. Mas o fato é que ninguém – nem os vereadores, muito menos nós, cidadãos – teve tempo para discutir o que o prefeito propôs. E não se trata de pouca coisa.
Se você perguntar para a maior parte das pessoas quais são as duas áreas mais importantes em que o poder público atua a resposta vai ser: saúde e educação. E é nisso que Rafael Greca está mexendo. Quer repassar parte desses serviços para organizações sociais.
O argumento usado pelo prefeito é totalmente “ad hoc”. Existe um problema real, imediato, que precisa ser resolvido. E não há tempo para ficar convencendo ninguém. Basicamente, em outros termos: Greca acha que ele e seus iluminados têm a resposta. E aos vereadores e a nós resta baixar a cabeça e aceitar a solução encontrada.
Isso é uma afronta a qualquer princípio democrático. Tratar do cerne da administração pública como se fosse uma decisão qualquer, sem audiência pública, sem discussão, em regime de urgência, é dizer que o prefeito pode fazer absolutamente tudo.
E o pior é que a maior parte dos vereadores, interessados como sempre em asfalto para o bairro, em um dinheirinho para colocar uma lâmpada, em um mimo qualquer que lhe renda mais cem votos, aceita participar da farsa sem sequer contestar.
Nesses oito meses como prefeito, Rafael Greca sapateou na cara dos vereadores como nenhum outro prefeito ousou nos últimos anos. Forçou-os a votar tudo às pressas, mesmo sitiados pela população. Obrigou-os a se refugiar e transformou a Ópera de Arame em um bunker improvisado.
Agora, manda que mudem as regras dos dois jogos mais importantes da cidade (o da saúde e o da educação) com base no que viram em uma única palestra organizada pelo líder do prefeito. E que lambam os beiços. Ou ficam sem o antipó no bairro e sem tevê por uma semana.
Greca é um prefeito semiabsolutista. E a Câmara aceita que lhe usurpem o poder assim. Sem mais nem menos, em troca de migalhas.
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