Em fevereiro de 2016, pouco antes da campanha eleitoral, Rafael Greca dizia que o prefeito Gustavo Fruet se escondia da enchente. Criticava Fruet por não ir à rua e disse que, se uma tempestade ocorresse durante seu mandato, enchendo ruas, ele estaria ao ar livre, desentupindo bueiros.
“Eu ontem não ficava embaixo da cama como ficou o Fruet”, disse em sabatina do Centro Acadêmico Hugo Simas, do curso de Direito da Universidade Federal do Paraná. “Eu estava na rua, desentupindo bueiro, resgatando gente, organizando a cidade, tirando as lições da surra que nos deu a chuva para que isso não se repetisse”, disse.
Nesta terça-feira, Curitiba tomou outra surra da chuva, uma chuva gigantesca. Greca só foi sair daquilo que ele definiu como sendo “debaixo da cama” no dia seguinte. Passou a terça na prefeitura, como Fruet fazia, comandando os esforços de uma “sala de situação”.
Burocracia
Os posts do prefeito no Facebook mostram que ele também manteve a agenda burocrática intocada enquanto a cidade alagava. Recebeu executivos da Electrolux e o secretário de Esporte, Marcello Richa, filho do governador.
No dia seguinte, com críticas de que uma obra da prefeitura teria ajudado a piorar a situação no Parolin, o prefeito foi ao bairro, acompanhado de assessores e do ex-vereador Edson do Parolin. No mesmo dia, entregou o cargo ao vice e foi em viagem de passeio a Buenos Aires. Certamente ruminando aflito a surra que a cidade tomou.
É claro que talvez nem fizesse sentido o prefeito sair pessoalmente desentupindo bueiros. Poderia ser um mero gesto de populismo. Mas isso só ajuda a lembrar o quanto o discurso de campanha é fantasioso: Greca, afinal, fez o mesmo que o antecessor. Só era diferente enquanto não estava na cadeira.
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