O prefeito Rafael Greca resolveu algumas de suas dores de cabeça com o ajuste fiscal aprovado na Câmara. Os problemas mais imediatos de falta de dinheiro parecem estar sendo equalizados: já dá para comprar remédio, pagar fornecedores e manter serviços funcionando.
Essa foi a parte fácil. Para chegar até aqui, o prefeito precisou comprar briga com os servidores municipais, uma categoria mobilizada mas que, no fim das contas, não consegue se impor diante dos interesses econômicos da prefeitura. Gritaram, apanharam, mas acabaram pagando a conta do mesmo jeito.
Agora é de ver se o prefeito terá a mesma disposição para bater de frente com os cachorros grandes. E o principal desafio são as empresas que dominam o transporte coletivo da cidade desde que Greca nasceu. Os Gulin e seus associados sapatearam na cara de Gustavo Fruet por quatro anos, com auxílio do Judiciário. E agora?
Hoje, sabe-se que de cada quatro ônibus da frota um já está com validade vencida. E os donos das empresas seguem com uma liminar debaixo do braço (talvez a liminar mais valiosa da história do transporte de Curitiba) dizendo que não precisam comprar nada enquanto não receberem mais dinheiro da prefeitura.
Se Greca não conseguir mudar o jogo, até 2020, quando sai do cargo, terão se passado oito anos sob vigência desta liminar. Como a vida útil dos ônibus é de uma década, é provável que haja só uma meia dúzia que ainda esteja rodando dentro das condições estabelecidas pelo contrato.
O prefeito tem falado que vai comprar os ônibus com o dinheiro da própria prefeitura. Além de ser legalmente duvidoso, há de se ver se é justo: as empresas assinaram um contrato ao ganhar a licitação. A não ser que esses ônibus sejam de fato patrimônio da cidade, como Requião tentou fazer nos anos 80.
Mas Greca até agora não pareceu superdisposto a comprar briga com os Gulin. Foi flagrado jantando com o patriarca da família, concedeu o maior aumento de tarifa em décadas e, nesta semana, sua bancada matou de morte matada uma possível CPI do transporte coletivo.
Tudo indica que prefeito e empresários estão do mesmo lado. E que o povão vai ter que se acostumar com os ônibus quebrando cada vez mais no meio do caminho. Não tem problema: a R$ 4,25 cada vez menos gente vai usar o ônibus de qualquer maneira, não é verdade?
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