Nesta segunda-feira, o dia foi perdido para muita gente. Empregados que não conseguiram ir trabalhar. Comércio fechando. Escolas sem funcionar. Gente que não conseguiu exames ou consultas em unidades públicas de atendimento porque não havia funcionários. Órgãos inteiros deixando de funcionar.
Pior mesmo para trabalhadores autônomos que não têm INSS nem nada e que não conseguiram ir ao trabalho – empregados domésticos, por exemplo. Ficaram sem o dinheirinho do dia.
Agora, lembrando uma coisa curiosa sobre o ano passado. Como lembra o sempre inteligente colega Fernando Jasper, em 2014, o governo do estado e a Assembleia Legislativa trataram de enterrar às pressas um feriado no 19 de dezembro. Não havia mais necessidade de um novo feriado e temia-se pelo prejuízo do comércio, especialmente à beira do Natal.
Os argumentos foram semelhantes aos usados um ano antes, em 2013, quando a Câmara de Curitiba havia aprovado um feriado para a cidade no 20 de novembro, para celebrar o Dia da Consciência Negra. Liderada pela Associação Comercial do Paraná, a campanha contra o feriado dizia que um único dia de paralisação traria prejuízos milionários à cidade: não seria justo que os comerciantes saíssem perdendo.
No entanto, curiosamente, a mesma sociedade civil, o governo, a Assembleia – ninguém se levantou com o mesmo fervor no dia em que milhares, centenas de milhares de pessoas ficaram sem ter como ir trabalhar por ineficiência da máquina pública. Ineficiência da máquina do mesmo governo do estado que combateu o feriado de 19 de dezembro, diga-se de passagem.
Por que a diferença? Eis uma boa pergunta.