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O cheiro de greve de ônibus está no ar. O processo segue um ritual, que foi deflagrado mais uma vez nos últimos dias por Urbs e empresas do transporte. A não ser que algo ou alguém mude o rumo da conversa, em breve quem vai pagar a conta do lotação para ir trabalhar é você.

O resumo da ópera é o seguinte: como sempre, as empresas dizem que estão recebendo menos do que precisam para cobrir seus custos. Dessa vez, pela conta delas, o pagamento deveria ser de R$ 3,40 por passageiro. A prefeitura finalmente aceitou um reajuste, mas não o que as empresas queriam: subiu para R$ 3,21.

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O aroma de paralisação do sistema ficou mais forte com e-mail enviado pelo Setransp, sindicato patronal das empresas de ônibus, para todas as redações de Curitiba no fim desta quarta-feira. Nele, o sindicato diz que a conta não fecha. Principalmente, diz-se “preocupado” com a possibilidade de não conseguir pagar o décimo terceiro dos trabalhadores.

Em todas as vezes recentes que houve greve o roteiro foi basicamente o mesmo. Discussão sobre o valor. Empresas flanado que vão atrasar pagamentos. Essa costuma ser a senha para que os trabalhadores paralisem o sistema. Nova negociação que chega a uma solução melhor para as empresas. Será que dessa vez teremos o mesmo?

A discussão não é simples. Envolve, por exemplo, a renovação da frota. As empresas conseguiram uma liminar judicial para não comprar ônibus novos. E 184 latas-velhas acima da idade permitida já circulam pela cidade. Agora, como as empresas não renovam a frota, terão descontado do repasse que recebem o dinheiro que é alocado para isso.

É importante ressaltar isso: existe na planilha do transporte dinheiro especificamente pago para cobrir a depreciação dos veículos. Tudo isso em um cenário em que Ministério Público, Tribunal de Contas e Câmara de Curitiba dizem que a licitação foi malfeita e as empresas cobram mais do que deviam da Urbs.

Enquanto não houver uma negociação mais ampla, que reveja os contratos ou inicie uma nova fase no acordo, os passageiros estarão sujeitos a todos esses sobressaltos, a uma tarifa cara e a greves eventuais.

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A solução para o impasse não é fácil. E só há dois caminhos: a política ou a Justiça. A Justiça, acionada, ainda não conseguiu resolver o problema. E sabe-se como é lenta. A política não poderia se dar ao luxo de demorar tanto quanto está demorando. Até porque tudo isso afeta a cidade como poucos outros problemas.

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