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Diz um velho adágio que nenhuma boa ação passa impune. Em Curitiba, funciona. Neste fim de semana, mais de cem pessoas saíram de suas casas para fazer uma manifestação de respeito e desagravo a um casal homoafetivo, no Água Verde. Um casal ameaçado pela intolerância e homofobia dos vizinhos.

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Um panfleto maldoso distribuído na rua coroou uma série de sabotagens contra a casa que o casal prepara para morar – casa que receberá em breve, também, uma criança adotiva. No folheto, embora não houvesse incentivo à violência, havia um claro sinal de que o casal não é bem-vindo e que deve ser isolado.

O caso foi noticiado, assim como a manifestação de desagravo. E em todos os portais de notícias isso causou uma série de comentários CONTRA o casal e de incentivo à homofobia. Claro que também houve quem defendeu os dois, mas muita gente aproveitou a notícia para dizer que, sim, dar razão ao vizinho que lançou o folheto.

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Os graus de virulência variam. Alguns deixam claro que são contra qualquer tipo de violência, mas que não têm como defender um casal homoafetivo. Outros vão bem mais longe e dizem que foi esse tipo de comportamento que causou a morte de milhões pela aids e outras DST. Outros chegaram a reclamar da cobertura da manifestação “Acho um horror a imprensa dar tanta publicidade a esse tipo de degeneração genérica”.

Para muita gente, vale a velha regra de que o culpado é a vítima. Ao decidir adotar um comportamento malvisto por intolerantes, estariam os rapazes se expondo e sabiam o que faziam. Mais ou menos como a moça que sai de saia curta e que, segundo alguns, estaria “pedindo” para ser estuprada.

Outra antiga regra que continua valendo para alguns é a da separação entre os diferentes. “Segregação hoje, segregação amanhã, segregação para sempre”, dizia nos anos 60 o governador George Wallace, do Alabama, jurando que não era racista e que só queria o bem dos negros ao mantê-los afastados dos brancos. Separados mais iguais.

Muita gente agora diz algo semelhante sobre os gays. Que façam o que quiserem no seu canto, mas não na rua, não onde se possa ver. Que escondam seu amor – inclusive pelo bem deles. Não é homofobia. Sabe como?

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