Uma análise dos números da nova pesquisa Ibope mostra que a parte mais importante da campanha de reeleição do governador Beto Richa (PSDB) pode ter sido antes mesmo do início oficial da disputa. Richa conseguiu o apoio de 16 partidos, além do seu PSDB, e de grupos políticos importantes, como o de Ratinho Júnior (PSC) e o de Ricardo Barros (PP). Só não conseguiu mesmo o PMDB.
Os levantamentos de segundo turno realizados pelo Ibope mostram que, numa eventual (e cada vez mais hipotética) disputa entre Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT), 17% dos eleitores preferem simplesmente não votar em ninguém. Isso equivale a 1,2 milhão de pessoas, ou a população total de eleitores de Curitiba. Ou seja: os dois principais opositores de Richa têm uma rejeição grande o suficiente para criar espaço a qualquer terceiro concorrente visto pelo eleitor como viável.
Richa, que hoje tem 47% das intenções de voto, segundo o Ibope, poderia assim estar sendo beneficiado pelo menos com 10% do eleitorado total que não tolera Gleisi nem Requião, mas que aceita votar nele. (No cenário com os três, só há 7% de brancos ou nulos, daí a conta dos 10%.) Ou seja: Richa sai, só por não ter a mesma rejeição nesse setor da população, com 700 mil votos de vantagem. É mais do que os 9% dos votos que o Ibope diz serem hoje de Gleisi.
O ponto é que Richa, caso não tivesse montado sua coligação gigante, poderia realmente ter de enfrentar mais candidatos, que ofereceriam outras opções a esses descontentes. E ele realmente eliminou pelo menos uma candidatura aparentemente importante às vésperas do início da campanha, ao retirar Silvio Barros (PHS) da corrida. Isso foi possível dando a vice para Cida Borghetti (Pros), cunhada de Barros. Não foi só o eleitorado de Maringá que Richa ganhou. Foi espaço para crescer.
Com Ratinho, dá-se o mesmo. Se Ratinho tivesse lançado um Pastor Everaldo qualquer por aqui, poderia dar um certo trabalho. Mas Richa foi hábil o suficiente para colocá-lo em seu grupo a tempo de evitar isso. E, mais uma vez, ao montar uma coligação ampla, pode ter dado o passo fundamental para manter sua hegemonia no estado.
Metodologia:
O Ibope entrevistou 1.204 eleitores, em 65 municípios, entre 24 a 28 de setembro, por encomenda da Sociedade Rádio Emissora Paranaense S/A. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR) sob o protocolo PR-00042/2014.