Muitos deputados federais têm dito, nos últimos dias, que estão indecisos sobre como votarão no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Nos três estados da Região Sul, por exemplo, é possível ver que há mais indecisos do que favoráveis ao impeachment, por exemplo: são 29 indecisos, 26 favoráveis e 14 contrários.
Estar indeciso é legítimo. Pode ser que o sujeito esteja ainda pesando prós e contras – vamos supor que seja alguém extremamente meticuloso. Mas, convenhamos, o processo é público há um bom tempo. Foi lido na íntegra em plenário. A legislação sobre o tema vem sendo esmiuçada pelos jornais há algum tempo. Qual é a dúvida possível a essa altura?
Os que são contra o impeachment e os que são a favor podem incomodar por tomarem uma posição questionável, por terem motivos errados ou simplesmente por pensarem diferente de você. Mas os indecisos, a essa altura, podem ser o problema mais grave da democracia brasileira. Porque, exceto na hipótese do sujeito realmente meticuloso, há poucas justificativas para a indecisão.
O mais provável é que ninguém esteja “indeciso”, realmente. O que pode acontecer são três coisas.
1- O deputado já sabe como vai votar, mas tem medo de botar sua decisão em público, até porque o processo vai ser tenso e há eleições municipais ano que vem. Aqui, peca-se pela covardia.
2-O deputado quer ver para onde as coisas caminham para ficar com quem estiver em melhor situação na hora de decidir. Afinal, nada pior para um fisiológico do que votar pelo impeachment de um presidente e no dia seguinte descobrir que ele continua no poder, não? Aqui, peca-se pela pusilanimidade.
3-O parlamentar quer deixar as possibilidades em aberto para ver quem lhe oferece mais – governo ou oposição. Aqui, o pecado coincide de também ser crime. É o pessoal que arrisca levar o país a uma espiral de corrupção. Levar-nos à CPI do Impeachment.
Em todos os três casos, colocam-se interesses pessoais e pontuais à frente do país. Excetuada a hipótese do deputado ultracauteloso, estamos diante de um Congresso que aceita deixar o país em suspense por meses só para não tomar uma posição – ou para tomá-la quando ela lhe trouxer vantagens. Afinal, se se soubesse desde já quem vota como, não haveria toda a instabilidade que se prevê para a política e a economia nacionais nos próximos dois ou três meses.
Mas a instabilidade pode gerar excelentes negócios para alguns. É ou não é?
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