Quem acompanhou a votação do salário mínimo na Câmara dos Deputados viu nesta quarta-feira um espetáculo político interessante: nenhum dos lados envolvidos conseguia apresentar argumentos sólidos em favor de suas propostas. E, mesmo assim, os deputados se esmeraram em falar o máximo que podiam.

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Os governistas e os oposicionistas passaram a tarde a noite inteiras se revezando no microfone. Os argumentos eram meramente indicando quem tinha boa vontade e quem estava de má-fé. Nenhum número importante, nenhum critério técnico.

Os aliados do governo repetiam apenas que a política de Lula (e de Dilma) tem trazido ganhos para os trabalhadores. E que é preciso ser responsável. Para os petistas, um discurso estranho, já que anos atrás, na oposição, detonavam o governo afirmando que o excesso de tecnocracia impedia ganhos reais para a população.

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Os oposicionistas, sem levar em conta que faziam (e fazem, quando podem) o mesmo jogo quando estão no poder, patinavam no vazio afirmando que a proposta de R$ 600 era viável se o governo diminuísse os gastos. Mas nenhum deputado falava como. O único, talvez, foi ACM Neto, dizendo que o Brasil não deveria comprar os caças para a Aeronáutica, economizando assim para o mínimo… Isso vindo do partido que foi gestado justamente no governo dos militares.

Na verdade, nenhum dos dois lados queria se aprofundar em tecnicismos. Até porque isso não dá votos. O importante era girar em torno de generalidades, de boa vontade e boa-fé. Até porque daqui a quatro anos podem estar no lado oposto novamente. E voltarão a se comportar exatamente como os adversários que hoje criticam.

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