Arranjar briga com o autor do “Plano Jucá” é o melhor que podia acontecer a Requião

O senador Roberto Requião é de um PMDB que não existe mais, para o bem e para o mal. É tão das antigas que continua se referindo ao “MDB”, partido que não existe há mais de 30 anos. E no partido atual é um peixe fora d’água. Só permanece na sigla porque aqui, no Paraná, permanece dono do feudo.

Agora, comprou nova briga com o presidente nacional do partido, Romero Jucá. Soube pela Veja que Jucá estaria fazendo uma manobra para tentar tirá-lo do partido. Procuraria um laranja para fazer o serviço, segundo a revista. Requião reagiu a seu modo, dizendo que soltaria os cachorros em cima de Jucá.

“Veja diz que Jucá trama minha expulsão do PMDB. Será que proporão Cunha como presidente de honra e exigirão tornozeleiras para filiados?”, tuitou o senador.

Jucá respondeu no mesmo tom, em um vídeo no Facebook, e diz que não pensava em expulsar Requião (provavelmente mentira, já que o senador consegue fazer oposição ao presidente do próprio partido). Mas que agora vai de fato levar o caso à reunião da Executiva.

De certo modo, brigar com Jucá, um cachorro bem maior do que ele no cenário nacional, faz bem a Requião. Mais uma vez ele poderá reforçar seu discurso contra o PMDB fisiológico. Recentemente, usou a propaganda do partido no Paraná, entre outras coisas, para dizer que o PMDB daqui é diferente.

De fato, o PMDB de Requião passa longe de ser o PMDB de Michel Temer. Desde o começo, o senador deplorou publicamente o “Ponte para o Futuro”. Também votou contra o impeachment de Dilma. E no governo Temer é oposição mesmo estando no partido que detém o poder.

Isso não quer dizer que no Paraná o partido seja a oitava maravilha do mundo. Requião comanda seu território com mão de ferro. Quem não gosta de seu estilo acaba tendo de se mudar, porque o regime é monoteísta. De Fruet à bancada estadual, que migrou em massa para o PSB no ano passado, ninguém se cria sem seu aval.

Jucá, em seu vídeo, falou de um tema que expõe bem o sistema de Requião. Disse que no ano passado o senador teria usado 95% do fundo partidário (números a conferir) para a campanha do filho em Curitiba. E ainda deu uma escrachadinha: o resultado foi ridículo e expôs o partido a um vexame.

Para Requião, o episódio da briga contra Jucá reforçará sua imagem de um nacionalista que se importa mais em combater o “Plano Jucá” e as reformas de Temer do que com a própria carreira. E, se fosse expulso, ainda melhor.

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