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Uma juíza paranaense chamou a atenção na internet depois de publicar um texto relativizando os próprios méritos por ter conseguido passar no concurso para a magistratura. O texto de Fernanda Orsomarzo já foi compartilhado mais de 21 mil vezes no Facebook.

A juíza começa relatando que se esforçou bastante para passar no concurso. “Ralei duro para ser Juíza de Direito. Cheguei a estudar 12 horas por dia em busca da concretização do tão almejado sonho. Abdiquei de festas, passei feriados em frente aos livros, perdi momentos únicos em família.”

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Mas logo em seguida diz que afirmar que isso é mérito dela soa “hipócrita”. Conta que teve uma vida com as necessidades mínimas sempre atendidas, que teve uma família estruturada, pais presentes e três refeições por dia.

“O mérito não é meu. Na linha da corrida em busca do sucesso e realização, eu saí na frente desde que nasci. Não é justo, não é honesto exigir que um garoto que sequer tem professores pagos pelo Estado entre nessa competição em iguais condições. Nunca, jamais estivemos em iguais condições.”

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Quer dizer que o mérito é seu?

Além de contar a sua história, a juíza relativiza a própria tese da “meritocracia”. “O discurso embasado na meritocracia desresponsabiliza o Estado e joga nos ombros do indivíduo todo o peso de sua omissão e da falta de políticas públicas. A meritocracia naturaliza a pobreza, encara com normalidade a desigualdade social e produz esquecimento – quem defende essa falácia não se recorda que contou com inúmeros auxílios para chegar onde chegou.”

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