Paulo Salamuni é ligado aos escoteiros. Como tal, não poderia deixar de honrar o lema do grupo: sempre alerta. Presidente da Câmara Municipal desde o início do ano, o vereador ficou sabendo da recomendação do Tribunal de Contas do Estado para que não pagasse a si mesmo e aos 37 colegas o décimo terceiro. A análise do TC é de que os vereadores simplesmente não têm direito ao benefício e que a lei que garante o pagamento vale tanto quanto a palavra de Richard Nixon.
Democrático e alerta, Salamuni decidiu não fazer algo sozinho. Convocou os 38 beneficiários do pagamento (supostamente) ilegal e perguntou a eles se queriam receber algo que se suspeita ser inconstitucional, irregular e que prejudicaria ainda mais as combalidas contas públicas municipais. Sempre alerta, ouviu um rumoroso sim advindo do plenário que comanda. E resolveu que, como a lei ainda não foi oficialmente derrubada, pagará o benefício integralmente, ainda que isso custe uns R$ 400 mil para mim e para você.
Em quatro anos, a conta do décimo terceiro, caso os vereadores o mantenham mesmo contra a recomendação do órgão fiscalizador do estado, será de mais de R$ 1,5 milhão. Lembre-se que neste ano Salamuni fez toda uma cena por devolver R$ 10 milhões aos cofres públicos, supostamente possibilitando o preço da passagem de ônibus. Se a tarifa subir agora, a culpa será do décimo terceiro? Ou quando é o contrário a lógica não se aplica?