Lula sabe dar nó em pingo de água só com uma mão e olhos vendados. Na verdade, ele nem precisa da mão: só precisa poder falar um pouco. Ninguém no Brasil recente soube convencer tanta gente por tanto tempo.
Quando teve um câncer, em 2012, Lula lamentou uma coisa: que fosse na garganta. Porque seu medo era perder a voz. E sem voz ele não seria nada do que foi. Sem voz, ele perde seus poderes, assim como Sansão perdia sem os cabelos.
Mas mesmo Lula, o encantador de plateias, vai ter que se virar para convencer o mundo e o juiz Sergio Moro (muito especialmente) de que Palocci, seu ex-homem forte, agora é um simples “simulador”, como ele disse no depoimento desta quarta.
Palocci diz que Lula fez um pacto de sangue com os Odebrecht. Receberia para o partido, em troca, uma série de benesses. Propinas, para ser claro. E é muito difícil dizer que Palocci não saiba do que está falando.
O homem foi ministro da Fazenda de Lula. Foi ministro da Casa Civil de Dilma. Frequentou os palácios dos governos petistas com poderes que quase ninguém mais tinha. Era supostamente o candidato a presidente preferencial de Lula para 2010 – só não foi porque caiu antes, na história do caseiro.
Lula e o PT dizem que Palocci é um fingidor e que está apenas dizendo o que disse para se livrar da cadeia. Está agindo para atender o que lhe cobram as forças do outro lado (e nesta lista o PT coloca Moro, o Judiciário, Dallagnol, a Globo etc).
Mas Palocci ou é maluco de se virar contra todos os seus sem provas nem maneiras de convencimento ou sabe muito bem do que está falando. Cada vez parece mais difícil defender Lula. Nem seus antigos favoritos estão aguentando o tranco.
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