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Lula é um sujeito eminentemente político. Diante de qualquer situação, sua resposta é política. Não seria diferente quando toda a sua carreira e sua biografia estão em jogo – sem falar no projeto de poder do partido que ele ajudou a criar.

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Diante da Lava Jato, Lula parece se importar menos com argumentos jurídicos do que com o tamanho do apoio que consegue angariar. Parece menos preocupado com os advogados do que com os deputados e senadores. Parece menos preocupado com os procuradores do que com os eleitores.

Hoje, dia de interrogatório, Lula e os seus providenciaram um palanque – e nenhuma reação poderia ser mais política do que essa. E ao microfone, alguém disse que enquanto Lula tiver o povo como escudo, ninguém poderá fazer nada contra ele.

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A ideia de que o povo pode servir de “escudo” jurídico é típica de quem passou a vida disputando eleições e usando o carisma para vencer suas batalhas. É a arma de quem tem a população e a massa a seu lado – ainda que talvez não o Direito.

É a arma de quem usa a massa de trabalhadores como peso a favor do sindicato. De quem usa os votos para chegar ao poder. De quem usa a popularidade para fazer o que quer no governo. Lula nunca conheceu outro caminho, e agora, encrencado no Judiciário, apenas adaptou sua velha manobra de sempre.

Pressionado, conclamou o povo a ser seu escudo. O senador Requião disse que ele está autorizado a fazer isso porque Sergio Moro fez o mesmo – angariou o máximo de apoios que pôde para a Lava Jato, e nesse sentido agiu politicamente. Mas em política, convenhamos, Lula é mais esperto do que qualquer num nestes quadrantes.

Evidente que não é isso que garante imunidade a alguém. Mas não é de duvidar que cause algum receio em quem tem de julgá-lo. Um advogado que conhece a Lava Jato de ponta-cabeça diz que qualquer um na situação de Lula (qualquer um que não tivesse 50 milhões de votos) teria ido preso há muito tempo.

Mas Lula tem lá seu escudo. E o manobra como ninguém.

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