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O comentário que ganhou mais repercussão foi sobre uma possível “perda da utopia”. Os petistas de hoje, diz ele, só querem cargos. Só pensam em si. E esqueceram o “projeto” do partido. “Temos que definir se queremos salvar nossa pele, nossos cargos ou nosso projeto”, disse.

Lula põe o pragmatismo na conta de um partido que cresceu demais e que chegou ao poder. Faz sentido: uma coisa é pregar ideais sendo oposição; outra é governar um país tendo de fazer acordos para conseguir maioria no Congresso.

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Mesmo os críticos de Lula (e há muitos) hão de conceder que ele tem uma inteligência política muito acima da média. Assim, parece estranho vê-lo falando obviedades incontornáveis sobre seu próprio partido. É lógico que o PT mudaria. O PT de 1989, dos “ideais”, jamais governaria desse modo. Mas isso não quer dizer que o governo fosse ser melhor.

Foi Lula quem deu o passo decisivo para a “suavização” do partido, em 2002, com a Carta aos Brasileiros e sua versão “paz e amor”. Foi ele também, como presidente, que estabeleceu o sistema de coalizão (espelhado no do antecessor, fique claro) que inclui a farta distribuição de pastas e cargos como meio de obter maioria no Congresso.

Sabe-se hoje que o sistema de conquista de maioria foi muito mais longe do que simples pragmatismo, aliás. Foi no primeiro governo Lula que chefes de outras legendas receberam o dinheiro do mensalão. Também foi no governo Lula que ocorreram os fatos investigados pela Lava Jato.

Lula é um estrategista político nato. Seus comentários sobre o PT podem ser lidos de duas maneiras. Numa, ele está efetivamente preocupado com os rumos do partido. Na outra, é ele que está “tentando salvar a própria pele”, dizendo que fez parte de uma geração de ideais, de um governo que tentou evitar esses vícios. E, agora, sob o comando de outra pessoa, a situação teria degringolado.Siga o blog no Twitter.Curta a página do Caixa Zero no Facebook.