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Desde o início do governo de Donald Trump os Estados Unidos vêm debatendo duas questões loucamente: violência urbana e violência cometida por terroristas. Nicholas Kristof, colunista do New York Times, fez um paralelo entre os riscos de alguém ser vítima de um desses dois tipos de crime.

A conclusão é de que armas nas mãos de americanos são muito mais letais (inclusive contra muçulmanos) do que muçulmanos vindos de fora do país. Claro que um governo que é contra a imprensa e que gosta de “fatos alternativos” não irá levar isso em conta na hora de determinar suas políticas.

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Mas os dados podem ser úteis para discutir a questão da liberação de armas para mais pessoas também no Brasil – de uns tempo para cá tem crescido cada vez mais a pressão para que se revogue o Estatuto do Desarmamento, o que facilitaria a muito mais gente ter armas em casa.

E Kristof toca num ponto essencial que muitas vezes passa despercebido quando se fala em armamento ou desarmamento: a violência doméstica. Quando se fala em dar ao cidadão “de bem” o direito de se defender, muitas vezes se esquece que boa parte dos crimes acontecem dentro de casa, envolvendo homens e mulheres.

Envolvem principalmente o feminicídio. Em 2015, segundo o Mapa da Violência, 48,% das mortes de mulheres no Brasil foram causadas pro armas de fogo. Deixar mais armas nas mãos de maridos violentos só tende a ampliar esse número.

O artigo de Kristof, vencedor de dois prêmios Pulitzer, é genial. Segue um trecho abaixo. Por questão de direitos autorais, não se reproduz aqui a íntegra.

“Pense em duas questões importantes: refugiados e armas. Trump está enlouquecido com o primeiro tema mas quer flexibilizar as regras do segundo. Então vamos analisar os riscos relativos.

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Nas quatro décadas entre 1975 e 2015, terroristas nascidos nos sete países envolvidos na proibição de viagens de Trump mataram zero pessoas nos Estados Unidos, de acordo com o Cato Institute. Zero.

No mesmo período, as armas tiraram 1,34 milhão de vidas nos Estados Unidos, incluídos assassinatos, suicídios e acidentes. Isso é mais ou menos o número de pessoas que moram em Boston e Seattle juntas.

Também é mais ou menos o mesmo número de pessoas que morreram em todas as guerras na história americana desde a Revolução Americana, dependendo das estimativas usadas para as mortes da Guerra Civil.

É verdade que muçulmanos americanos – tanto nascidos nos Estados Unidos quanto imigrantes de países que não estão sujeitos às restrições de Trump – foram responsáveis por terrorismo mortal nos Estados Unidos. Houve 123 assassinatos desde os ataques de 11 de setembro – e 230 mil outros homicídios.

No ano passado a probabilidade de um americano ser morto por um muçulmano foi menor do que a de morrer por ser muçulmano, de acordo com Charles Kuzman, da Universidade da Carolina do Norte.No primeiro caso o risco é de aproximadamente um em seis milhões. no segundo, de um em um milhão.

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Em resumo é que na maioria dos anos nos Estados Unidos, escadas portáteis matam bem mais americanos do que terroristas muçulmanos. O mesmo vale para banheiras. E para escadas fixas. E relâmpagos.

Acima de tudo, devemos temer esposos: maridos são incomparavelmente mais mortais nos Estados Unidos do que terroristas jihadistas.

E maridos são tão mortais em parte porque nos Estados Unidos eles têm acesso fácil a armas de fogo, mesmo quando têm histórico de violência. Em outros países, maridos violentos pões suas esposas em hospitais; nos Estados Unidos, as põem no túmulo.”

Para quem quiser ler o texto todo, em inglês, basta clicar aqui.

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